Prêmios, ainda mais "Grammy Latino", podem ser questionados em sua função hegemônica, preferências estéticas e lógica comercial. A divisão de categorias e os resultados refletem sobretudo uma percepção gringa, desde a medula da indústria cultural estadunidense, sobre as culturas latino-americanas. De modo muito ostensivo fica evidente a separação entre o Brasil e o resto dos países do continente, que, claro, não surgiu com o Grammy, e não pode ser simplesmente ignorada, embora seja possível identificar bem melhor as aproximações do que fazem em Miami. A despeito também dos méritos que grandes gerações, como a que reúne Toninho Horta, Caetano Veloso, Ney Matogrosso, João Bosco, Elza Soares, tem, é também digno de protesto que essa [lista de indicados e premiados brasileiros] e outras premiações ignorem por completo o que as mais recentes produzem, especialmente quando se trata de compositores e intérpretes que não sejam consideradas pop.
Espaço que visa divulgar e disponibilizar trabalhos de criação e crítica referentes à MPB e música popular, não apenas para promover o intercâmbio de gostos e opiniões, mas fundamentalmente catapultar o debate sobre o tema.
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20 de novembro de 2020
Prêmio colhido da Horta
Prêmios, ainda mais "Grammy Latino", podem ser questionados em sua função hegemônica, preferências estéticas e lógica comercial. A divisão de categorias e os resultados refletem sobretudo uma percepção gringa, desde a medula da indústria cultural estadunidense, sobre as culturas latino-americanas. De modo muito ostensivo fica evidente a separação entre o Brasil e o resto dos países do continente, que, claro, não surgiu com o Grammy, e não pode ser simplesmente ignorada, embora seja possível identificar bem melhor as aproximações do que fazem em Miami. A despeito também dos méritos que grandes gerações, como a que reúne Toninho Horta, Caetano Veloso, Ney Matogrosso, João Bosco, Elza Soares, tem, é também digno de protesto que essa [lista de indicados e premiados brasileiros] e outras premiações ignorem por completo o que as mais recentes produzem, especialmente quando se trata de compositores e intérpretes que não sejam consideradas pop.
15 de novembro de 2020
Atuação acadêmica à distância
Intitulei minha fala "Cordilheira de sonhos numa esquina do mundo": América Latina no som imaginário do Clube da Esquina, e este foi o resumo do que digo em minha participação na mesa:
"A partir de conceitos de culturas híbridas, transculturação, cultura popular e moderna tradição pensados em chave latino-americana por autores como García Canclini, Martín-Barbero, Ángel Rama, Antônio Cândido e Renato Ortiz, proponho um trajeto investigativo para pensar uma cartografia sonora imaginária da América Latina na obra discográfica de Milton Nascimento e de seus companheiros do coletivo Clube da Esquina, registrada especialmente entre as décadas de 1960-80. Tal itinerário representa uma possibilidade para entender as possibilidades de trânsito entre culturas, artistas e públicos neste espaço continental, inclusive para além dos marcos temporais traçados, considerando a vitalidade de tal obra e seus criadores. "
No evento "Encontros com o Patrimônio", promovido pela Casa Fiat de Cultura, em BH, participei de uma conversa bacana sobre Santa Tereza e o Clube da Esquina, junto com a historiadora e educadora da Casa, Ana Carolina Ministério, e o ilustríssimo Telo Borges. Na minha fala Patrimônio cultural, lugares e sentidos: a esquina do Clube, apresentei uma síntese das pesquisas que venho conduzindo na UFMG, atualmente encampadas no grupo de estudos Som e Museologia (SOMMUS) que coordeno. Quem quiser ir mais fundo pode começa conferindo o podcast Patrimônio urbano e música popular, aqui mesmo no blog.
5 de novembro de 2020
A crítica musical e as tentativas de enquadramento estético