Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

Podcast Patrimônio urbano e música popular: lugares e coleções



Este podcast traz, ao longo de seis episódios, resultados de pesquisas coordenadas pelo professor Luiz Henrique Garcia, da ECI/UFMG, com um olhar sobre conceitos centrais e investigações em torno da relação da música popular com a cidade, o patrimônio cultural, os museus e a memória social. É uma ação que conjuga pesquisa, extensão e ensino, na medida em que disponibiliza para um público mais amplo resultados de investigações e materiais que foram explorados em sala de aula.

1. O Clube da Esquina caracteriza-se por um conjunto de práticas musicais e estéticas que utiliza fontes diversificadas. Procuro compreender o complexo fluxo de trocas culturais envolvidas na construção de uma identidade cosmopolita que não descuidou do elemento local, nem o reduziu ao exótico, tomando a “esquina” como uma expressão simbólica dessa síntese.
Para saber mais:
GARCIA, Luiz Henrique A. Canções Feitas na Esquina do Mundo: música popular e trocas culturais na metrópole através da obra do Clube da Esquina. Revista Brasileira de Estudos da Canção. , v.1, p.40 - 61, 2012. [link]


2. Vamos investigar como a música popular, através de trocas culturais que marcam a construção de identidades atribuídas a grupos e lugares, define vínculos e fronteiras no tecido urbano, ao mesmo tempo em que evidencia as trajetórias traçadas pelos músicos que o atravessam.
Para saber mais:
GARCIA, Luiz Henrique A. Em meus olhos e ouvidos: música popular, deslocamento no espaço urbano e produção de sentidos em lugares dos Beatles. Estudos Históricos (Rio de Janeiro). , v.24, p.99 - 118, 2011. [link]


3.  Alguns processos de patrimonialização consideram a cidade a partir de suas qualidades arquitetônicas, estatísticas e documentais, e deixam de pensá-la em situação e em processo. Iremos mostrar como alguns espaços na cidade de Belo Horizonte são afetados por ações museológicas realizadas pelo Museu Clube da Esquina (MCE) e avaliá-las a partir de percepções do público levantadas através de pesquisas e trabalhos de campo desenvolvidos num diálogo entre museologia, história e etnografia.

Para saber mais:
GARCIA, Luiz Henrique A.; PARANHOS, Julianne. O Museu Clube da Esquina e os lugares da cidade: breve reflexão sobre ações museológicas no espaço urbano. Museologia e Patrimônio, v. 9, p. 134-152, 2016. [Link ]


4. A proposta é discutir a exposição permanente do museu The Beatles Story, em Liverpool, Inglaterra, que basicamente é uma sequência cronológica que reconstitui a história dos Beatles, biograficamente falando, quase sempre, pela associação a lugares.

Para saber mais:
GARCIA, Luiz Henrique A. Há lugares que eu me lembro: encenando o espaço urbano na exposição permanente do museu The Beatles Story. In: Anais do II Seminário Brasileiro de Museologia. Recife: MUHNE/Fundaj, 2016. v. 1. p. 1-16. [link] [link  apresentação]


5. É notável a participação no período da redemocratização brasileira dos músicos associados ao Clube da Esquina. Abordamos aqui suas escolhas e invenções estéticas e políticas, evidenciando em sua obra o balanço histórico do que se passara e a reivindicação por viver um novo tempo democrático.
Para saber mais:
GARCIA, L. H.; ARAÚJO, M. S.; PÚBLIO, H. L. L. “Mesmo assim não custa inventar uma nova canção”: o Clube da Esquina e a redemocratização no Brasil (1978-1985). Música Popular em Revista, Campinas, ano 5, v. 2, p. 61-87, jan.-jul. 2018. [link]


6. Buscamos aqui compreender a atribuição de sentido e valor patrimonial à música popular, considerando o processo histórico e social que lhe tornou objeto de consagração pelas instituições do Patrimônio e de processos plurais de apropriação.
Para saber mais:
GARCIA, Luiz Henrique A.; PÚBLIO, Hudson Leonardo Lima; SANTANA, Isac Daniel. Os Sentidos de Lugar e os Lugares de Sentido da Música Popular como Patrimônio Cultural na Cidade. In: 14 Musimid. São Paulo, 2018, 12p. [link]
 
Edição especial
Reedição especial do 5º episódio, com participação especialíssima do meu parceiro Dan Oliveira, músico e produtor de alto gabarito, esmiuçando as canções Todo Prazer, Sol de Primavera e Coração de Estudante de forma didática e com exemplos executados por ele mesmo.


 
 
Série completa para audição e download: Podbeam - Spotfy




Realização: SOMMUS (Grupo de Estudos Som e Museologia) - coord.: Prof. Dr. Luiz H. Garcia
Produção e roteiro: João Marcos Veiga
Locução: Isabela Morais
Auxílio financeiro: FAPEMIG






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