Prometi escrever mais um pouco sobre o assunto da última postagem, e quero tentar manter um ritmo mais frequente no blog. Quando comecei a pesquisar a história da música popular, sempre gostei de encontrar discos com encartes, encontrando neles informações úteis e elementos relevantes para entender o objeto de estudo. Hoje acredito que um dos atrativos que sobressai no LP de vinil é o encarte, e mesmo em alguns bons cds, algo que se perde um pouco quando se "baixa" música na Internet, mesmo que eventualmente haja material gráfico digitalizado acompanhando os arquivos de som. Os discos de jazz normalmente primam pelo cuidado com os encartes, apresentando muitas vezes textos escritos por críticos, muito reveladores de posições e interpretações que circulavam a respeito de temas que me interessaram nos anos de mestrado e doutorado. É justo o caso do 500 miles high, da Flora. Lembro até hoje o dia que comprei o cd, importado, numa loja recém-inaugurada na Savassi, em BH. Foi o maior preço que já paguei por um cd na vida, mas me livrei da "culpa" com o álibi de que era para a tese (diga-se de passagem, um álibi muito bom pra fazer coisas que geram muito mais culpa). Vou mandar então um trecho do encarte, bem significativo, pra abrir um debate sobre o encontro do jazz com a MPB (pretendo fazer uma série sobre o assunto no blog). Segue aí:
“No início dos anos 70, quando o jazz ganhava cores elétricas e exóticas em sua encarnação fusion e a bossa nova estava sendo similarmente distendida num estilo chamado MPB, Flora Purim e seu marido Airto Moreira representaram uma conjunção particularmente clara de novas idéias musicais (...)”