Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

8 de maio de 2014

A marca de Jair

Jair Rodrigues, sem dúvida um ícone de um momento destacado da história da Música Popular Brasileira, a chamada Era dos Festivais. O que fez depois a mim soa como eco daquela explosão, daquele estouro. Foi, mas deixou ali marca inconfundível que para mim traduz-se melhor em sua forte presença de palco. 
O registro histórico, nas imagens da TV Record, guarda ainda uma curiosidade que vem a calhar com a aproximação do dia das mães. A divisão do prêmio maior entre "Disparada" (canção de Vandré e Théo de Barros interpretada por Jair, que também venceu como "melhor intérprete") e "A banda" (por Chico Buarque, que a interpretou na companhia de Nara Leão) é anunciada e em seguida as mães de Jair e Chico são convidadas ao palco. Fica então mais esta homenagem:

"Prepare o seu coração..."