Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

31 de dezembro de 2013

Adeus, ano velho

Sim, mais um ano se acabou. Que venha o próximo. Como historiador não custa lembrar que o calendário é um artifício que reinscreve o tempo vivido sobre o tempo cósmico (LE GOFF, RICOEUR), reconhecendo a premissa de que o próprio tempo é uma categoria social e histórica (ELIAS, KOSELLECK). Assim, de um lado demarco sua arbitrariedade, e de outro reconheço que, em diferentes contextos, por razões distintas, as sociedades se lançaram à hercúlea tarefa (intelectual, cultural) de dividi-lo e mensurá-lo, de modo a impor sobre o tempo alguma ordem, como mostra David Duncan em seu curioso livro Calendário. Celebramos, por isso, a passagem de ano, inclusive com canções apropriadas, como a famosa Fim de ano assinada por David Nasser e Francisco Alves:



Adeus, ano velho!
Feliz ano novo!
Que tudo se realize
No ano que vai nascer!
Muito dinheiro no bolso,
Saúde pra dar e vender!

Para os solteiros, sorte no amor
Nenhuma esperança perdida
Para os casados, nenhuma briga
Paz e sossego na vida
Informações de Samuel Machado Filho via You Tube:
A mais tradicional e lembrada canção de réveillon brasileira. Segundo depoimento do próprio João Dias, é Francisco Alves quem diz no início da gravação "Atenção, tá chegando meia-noite!".Histórico registro Odeon de 5 de outubro de 1951, lançado em dezembro seguinte com o nr. 13199-B, matriz 9149, tendo no lado A a versão "Sinos de Belém (Jingle bells). Esse disco permaneceu em catálogo por mais de 30 anos, tendo saído mais tarde em compacto simples.

24 de dezembro de 2013

Quanto vale o show?

Uma das formas de repercussão cultural que considero particularmente interessante é o comentário. Uma breve notícia, ao ser comentada, dependendo da argúcia ou mesmo da verve de quem a comenta, pode desencadear um imenso debate, que por vezes pode superar a condição de festival de verborragia e realmente acrescentar algo, lançar uma nova luz sobre o que motivou a discussão inicial ou ao menos  representar uma reunião de posições relevantes para que o debate possa seguir e se aprofundar. Hoje em dia isso acontece com frequência via facebook mas às vezes sinto que o encadeamento do processo se perde quando o tempo passa e o ímpeto suscitado pelo comentário arrefece. No caso abaixo achei que valia a pena transformar em postagem, na tentativa de deixar ao menos um registro que fosse além das "linhas do tempo"...

A notícia
A Retratos da Vida descobriu o cachê que Caetano Veloso e Gilberto Gil vão receber para cantarem no réveillon de Salvador. Cada um dos baianos embolsará R$ 600 mil. A festa está sendo organizada pela empresária Flora Gil, cujo sobrenome entrega de quem ela é mulher. A virada do ano na capital da Bahia está sendo financiada com dinheiro público e de empresas privadas.

O comentário da notícia, por Pablo Castro
Caetano e Gil vão receber, cada um, 600 mil reais para cantar no reveillón de Salvador. Estou pra escrever um artigo mais longo sobre esse assunto, mas já cabe aqui apontar em que medida esses dois baluartes do tropicalismo se tornaram uma espécie de coronéis da cultura brasileira. Nada justifica um cachê desse porte, ainda mais para dois milionários.
Ao invés de propor um debate sobre o sucateamento da música brasileira, eles se contentam em engrossar sua fortuna com dinheiro público. Injustificável.

O comentário do debate no facebook, por Luiz H. Garcia
Acho que algumas coisas se perdem e argumentos truncam quando não fica claro onde estão os nós. Primeiro, quando se trata de dinheiro público não se pode raciocinar estritamente dentro de uma lógica de mercado. Cabe exigir sempre transparência e responsabilidade dos administradores, e aí cabe questionar o montante, mas também a própria decisão. Por que o Estado, que nem dá conta de garantir com boa qualidade os serviços essenciais, gasta recursos com festa de reveillon, inaugurações e afins? Mesmo que seja legal, será legítimo? Assim, mesmo com zero desvio, zero superfaturamento, zero favorecimento de x ou y, mesmo assim seria questionável. E outra coisa, prefeitura tem que pensar em política, em equipar a cidade,com esse dinheiro dá pra fazer coisas que atenderiam gerações, anos e anos, ao invés de fazer um espetáculo de uma noite cujos benefícios, por mais que existam, se dissipam rapidamente. Por que as empresas, que se interessam pela publicidade direta ou indireta desses eventos, não pagam a conta toda do bolso delas? Não dizem que a propaganda é a alma do negócio? Então? Os argumentos até aqui nem colocam em questão quem são Gil e Caetano, nem a qualidade ou perenidade da obra deles, sequer da atuação deles como cidadãos. Personalizar e medir afetos e desafetos não funciona, aliás é um verdadeiro traço de cordialidade, no sentido proposto por Sérgio Buarque de Holanda. Entrar nessa de quem merece, quem não merece, não é razoável até porque no final vamos ter que encarar que vivemos numa sociedade totalmente desequilibrada em relação à forma de remunerar o merecimento (há exemplos acima). Isso portanto já é uma premissa. Agora o nó mais apertado, difícil de debater é a questão ética. Sem bom-mocismo, sem cinismo, devemos debater isso sim. Para efeito de raciocínio novamente não interessa quem são Gil e Caetano. Interessa que são cidadãos brasileiros e que vão se apresentar em espaço público. Seria mesmo absurdo demais desejar que dois cidadãos nessas condições propusessem cachês menores, que ainda fossem plenamente satisfatórios para remunerar uma noite de trabalho, por considerar a dimensão pública dessa apresentação?? Queremos um Estado transparente, administradores responsáveis, mas nós não precisamos agir assim?? E mais, ante um comportamento cuja legitimidade é questionável, devemos é nos calar porque no fundo supostamente gostaríamos de estar na mesma posição para ter o mesmo comportamento? E quem age assim não deve nem ao menos receber a crítica? Sem romantismo, repito, mas é possível aperfeiçoar uma democracia esperando que um Estado comprometido com o bem público brota por geração espontânea, que bons governantes descerão de discos voadores? Enfim, um debate mais que urgente e importante, que é bom que seja feito sem pequenez, sem picuinha, sem personalismo.

23 de dezembro de 2013

Memórias cantando: o presente de Paulinho da Viola



No início do mês reparei que um certo disco simplesmente não parava de tocar aqui em casa. Era o Memórias cantando (1976) do Paulinho da Viola, que meu filho (17) e filha (11) ouviam sem parar e logo cantavam junto todas as canções. Como se isso já não fosse o bastante para deixar um pai pra lá de orgulhoso com o bom gosto musical dos rebentos (que, diga-se de passagem, incentivo mas sem qualquer tipo de campanha sistemática pois desejo que descubram a música por seus próprios ouvidos), perguntei à minha filha se queria ganhar um caderno com letras de música, talvez como presente de natal. Pois não é que ela adorou a ideia! Pedi então que ela fizesse a lista das canções que gostaria de ter no tal caderno. Mas ela acabou protelando a tarefa e hoje quando lhe perguntei ainda não havia feito a tal lista. Disse então que ficaria pra depois, o que ela não recebeu nada bem. Com aquela urgência típica da idade foi lá e lavrou, rapidamente, sem vacilo, a listagem, só com canções do disco do Paulinho. Lá fui eu, depois de um dia corrido, bolar o tal presente, que logo percebi que precisaria ser feito em formato digital. Aproveitei então para testar uma ideia antiga, de gerar material em pdf que pudesse compartilhar pelo blog. Enquanto reunia letras e imagens, rapidamente buscadas no site oficial de Paulinho, pensava na fascinante operação cultural que se descortinava à minha frente, quando um disco que fora gravado no ano em que nasci ganhou a preferência de gente que nasceu no mínimo 20 anos depois disso e agora poderia alcançar ainda outros e mais outros ouvidos. Um disco sobre a memória, mas com a imensa capacidade de transcender o tempo em que foi feito e nos tocar no presente [clique aqui para ler os preciosos comentários de Arley Pereira]. E - se a minha memória não me trai - acho que eu comprei em CD esse e mais 2 discos do Paulinho como presentes - muito bem dados - a mim mesmo num certo natal. Mas posso estar enganado e talvez os revolteios do lembrar não passem de uma boa forma de fechar esse texto.

Caderno de letras Paulinho da Viola

P.S. 2015
Como o link do vídeo estava quebrado, decidi inserir um novo. Nesse ano duro, que termina com sabor amargo, me pareceu um bom remédio ouvir essa canção...




Vela no breu
(Paulinho da Viola e Sérgio Natureza)
Disco: Memórias Cantando


Ama e lança chamas
Assovia quando bebe
Canta quando espanta
Mal olhado, azar e febre

Sonha colorido
Adivinha em preto e branco
Anda bem vestido
De cartola e de tamanco

Dorme com cachorro
Com um gato e um cavaquinho
Dizem lá no morro
Que fala com passarinho
Depois de pequenino
Chora rindo
Olha pra nada
Diz que o céu é lindo
Na boca da madrugada

Sabe medicina
Aprendeu com sua avó
Analfabetina
Que domina como só
Plantas e outros ramos
Da flora medicinal
Com 108 anos
Nunca entrou num hospital

Joga capoeira
Nunca brigou com ninguém
Xepa lá na feira
Divide com quem não tem
Faz tudo o que sente
Nada do que tem é seu
Vive do presente
Acende a vela no breu

21 de dezembro de 2013

Grandes encontros - Milton Nascimento e Astor Piazzolla nos 25 mil acessos do Massa Crítica MPB

O blog Massa Crítica MPB acaba de superar a marca de 25 mil acessos. Não é nada no universo dos números astronômicos da Internet, mas como não sou blogueiro profissional nem tenho objetivos comerciais com o blog, creio que é uma marca significativa para um trabalho que basicamente se ocupa de divulgar e promover a reflexão sobre a música popular, em especial a brasileira. Obrigado a todos que tem passado por lá e deixado seus comentários, bem como divulgado as postagens pelos canais mais diversos. Achei que o momento merecia uma postagem especial, que acabou sendo inspirada pela música que postou meu velho amigo Giovano, "Retrato de Milton", de Astor Piazzolla.

 
Em 1973, Piazzolla toca ao vivo na USP. Num belo momento, oferece uma composição sua aos jovens criadores do Brasil, em especial Milton Nascimento, a quem dedicou o tango que segue. Vale lembrar que esses espetáculos realizados nos campus universitários, na década de 1970, no auge do regime autoritário, cumpriam um papel político importante, além de sua grande relevância cultural. Esse espaço, hoje, com raras e honrosas exceções, está tomado por produções por vezes caras, pomposas, que não ensejam qualquer traço de reflexão sobre algo de relevante política ou artisticamente, ou por shows altamente comerciais que ocorrem na universidade por mero detalhe, pois poderiam ser realizados em qualquer lugar. Assim, ao som dessa jóia de Piazzolla, à sombra da lembrança da força da música na resistência a todo arbítrio, faço votos de que tenhamos no futuro novamente o campo aberto dentro e fora das universidades para que vicejem de forma intensa a crítica e a criação, o pensamento e a arte.



Boas festas e ótimo 2014 a todos!

14 de dezembro de 2013

Grandes encontros da música popular - Egberto e Hermeto

Antes que algum desavisado imagine coisas, não se trata da mais nova dupla sertaneja universitária.  São, de fato, o Gismonti e o Pascoal, dos músicos mais inventivos e inclassificáveis que essas terras brasileiras já deram de dar. A série grandes encontros não poderia perder essa oportunidade, mesmo considerando que a música desses dois atravessa várias fronteiras e de forma alguma se limita à classificação de popular, ainda que transite por ela. No reconhecimento disso, lanço mão de expediente que já se tornou habitual, que é pinçar os excelentes comentários do meu parceiro Pablo Castro:

Um dos enigmas da grande música instrumental brasileira sempre foi, para mim, nunca ter ouvido Egberto e Hermeto juntos. Não só porque os considero os dois maiores nomes pós- década de 1960, tanto como compositores quanto como instrumentistas, nem apenas porque os considero duas escolas diferentes, e igualmente majestosas, Egberto mais cerebral, e Hermeto mais dionisíaco, mas pelo fato de que são da mesma geração, filhos da revolução da bossa nova e do ensino de músicas nas escolas durante as décadas de 40 e 50 cuja implantação se deu pelas próprias mãos de Villa-Lobos.
Eis que achei aqui esse raríssimo encontro de gigantes, cujos nomes até rimam, num festival de jazz europeu em 1975.



Com a preciosa contribuição de Maurício Ribeiro, acrescento essa entrevista dada pelo dois, em companhia do também imprescindível Naná Vasconcelos, quando estiveram juntos na Argentina. Rápida e certeira.




Aproveito o clima natalino, tempo propício para anunciar que já acertamos novas bases para esta colaboração, e em breve os leitores do Massa Crítica MPB vão ter gratas surpresas...


7 de dezembro de 2013

Há versões e (a)versões

Um tema que dá muito pano pra manga é o das versões. Há aquelas versões que são basicamente as que são feitas por intérpretes diferentes quando gravam a mesma composição, sem grandes alterações em relação ao andamento, ao estilo de interpretação, ao arranjo, enfim ao padrão geral da gravação. Isso ocorre em geral num curto período de tempo, em que diversos intérpretes gravam uma canção bem sucedida num determinado momento, procurando incorporá-la a seu repertório e esperando sua boa recepção por parte do público. Há aquelas versões que extrapolam essa referência fonográfica e procuram recriar a canção e a gravação que tomam como referência, acrescendo à história da composição novos traços. Muitas vezes são versões que nascem pelo gesto de transportar canções no tempo e/ou no espaço (e nesse caso podem ser, além de versões, traduções), motivado por homenagens, songbooks, participações especiais, pesquisas de repertório, interesses mercadológicos, decisões dos produtores, preferências dos músicos, o que mais for. Há intérpretes que imprimem de forma tão inconteste sua marca que suas versões podem tornar-se mais memoráveis que aquela primeira gravação, e por vezes consagram-se como aquela que servirá de parâmetro pelo qual todas as subsequentes serão medidas. Podemos pensar na versão dos Beatles para Twist and shout, ou em várias das interpretações de Elis Regina para o repertório canônico da MPB. Uma situação ímpar é a dos compositores que se revelam excepcionais "versionistas", capazes de impregnar a canção com sua própria assinatura estilística, de modo muito próximo a uma coautoria. Dentre vários exemplos possíveis, me ocorrem imediatamente Caetano Veloso e George Harrison. Os leitores, se quiserem, podem sugerir outros nomes à lista.    

Enfim, são várias possibilidades de abordagem e material abundante que permitiria mil e um estudos, ensaios, pesquisas. Como o gás em final de semestre é pouco vou contentar-me agora com essa pequena incursão, motivada pela postagem do Francisco de Paula, garimpeiro da hora e membro da página do Blog do Clube da Esquina. Ele postou por lá essa versão do conjunto vocal novaiorquino Manhattan Transfer para Viola violar (Milton Nascimento/Márcio Borges), que eu não conhecia ou ao menos não me recordava de ter ouvido. Gravada no disco Brasil (1987), e com a participação do próprio Bituca, ela aparece transmutada numa ode de teor ecológico bizarramente intitulada The jungle pioneer (O pioneiro da selva). Na música não traz grandes inovações, a não ser pela parte central em que a ponte instrumental recebeu letra e que apresenta uns tamborins na percussão, fincados ali como uma espécie de bandeira do Brasil timbrística. A versão da letra (Brock Walsh), além de não traduzir minimamente o conceito expresso na original, é de lavra ruim mesmo, com pérolas do tipo... [quem quiser ler a letra completa, original aqui versão aqui]

"Here where we stand there used to be a forest     eu estou bem seguro nesta casa
A timber rising endlessly before us                           minha viola é o resto de uma feira
We cleared away that Godforsaken jungle               a minha fome morde o seu retrato
And in return the Indians adore us                             brindando a morte em tom de brincadeira

What was mud now is a highway                               e amanhã mais vinte anos
Reaching wide into a prairie                                      desfilados na avenida
Horses run, cattle are grazing                                    arranha-céu, ave noturna
You would swear, it's Oklahoma (...)                          no circuito dessa ferida (...)

See in the field my little son and daughter                eu estou bem seguro nesta casa
Not long ago that ground was under water"             comendo restos nesta quarta-feira




Claro que há grandes letristas norte-americanos. Acontece que quando se trata de versar grandes pérolas do cancioneiro brasileiro, via de regra as gravadoras de lá incumbem autores medianos que não conseguem traduzir ou muitas vezes nem tentam, fazem outra coisa, limitada e provavelmente mais palatável ao que imaginam ser o provável ouvinte de lá. Obviamente as versões são importantes veículos dos fluxos transculturais e certamente alguns ouvintes poderão, mesmo a partir de trabalhos fracos, desenvolver maior interesse e procurar as gravações dos compositores, tomando contato com outras músicas populares. Porém são também expressão da assimetria com que se movem esses fluxos e mostram bem como as versões podem ser veículo de estereótipos culturais. Como bônus, deixo as versões da mesma canção gravadas por Quarteto em Cy e Alaíde Costa.





6 de dezembro de 2013

Na estante (ou não)

Enquanto principio aqui, ainda que em marcha lenta até que as férias cheguem, a leitura de  Brutalidade jardim – A Tropicália e o surgimento da contracultura brasileira (Unesp, 2009), escrito por Christopher Dunn, professor da Tulane University, em Nova Orleans, acabei reencontrando na internet esse material em profusão derivado do trabalho de Ana de Oliveira, pesquisadora responsável pelo site Tropicália e pelo livro-objeto Tropicalia ou Panis et Circencis, o qual confesso, não fiz mais que passar os olhos. O site, visualmente exuberante e com textos didáticos, introdutórios, parece cumprir bem a função de apresentar bem o cenário e as principais figuras associadas ao movimento, além de alguns de seus desdobramentos, nesse caso talvez recaindo numa leitura que está por demais canonizada e que exagera a proporção dos efeitos e dos rastros tropicalistas, certamente influenciada pela consagração a posteriori que recebeu, inclusive após o regurgito realizado em terras gringas na esteira da louvação de Byrne a Tom Zé e da babação de Cobain pelos Mutantes. Enfim, como há muito material acredito que se posso inclusive ir bem além das leituras que o site oferece, o que é bem interessante. Já que estou reunindo algum material sobre o tropicalismo por aqui, ocorreu-me acrescentar edições do ótimo programa de tv fechada O som do vinil, comandado por Charles Gavin, sobre os discos Tropicália e Mutantes e seus cometas no país dos Baurets. Desbundem-se.











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