Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
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30 de setembro de 2019

Rebolo de laranja pêra Rio

Fui surpreendido por essa estranha censura algo(z)rítmica. Minha postagem, com texto escrito no MEU blog, foi censurada pelo facebook, que me mandou mil alertas de "spam". Fato é que eu canso de compartilhar textos como esse e nada acontece. O Rock in Rio deve ter um acordo com o FB para "limpar" a barra do evento em sua rede. Só por isso eu vou compartilhar de novo, colocando todo corpo do texto aqui, e pediria aos amigos e amigas uma forcinha extra nesse pequeno ato de reafirmação diante de uma medida tacanha.

"Roquinquem, cara pálida? (original de 29/09/2019)
 
O Rock in Rio (RiR) representou, desde o começo, um novo modelo da geopolítica indústria fonográfica muito mais hegemonista e homogeneizador do que das décadas de 1960-70. O quadro maior, muito resumidamente, era o seguinte, um rearranjo do mercado fonográfico internacional, com a redução de "majors", a decisão de padronizar / centralizar mais a produção, de apostar menos, de radicalizar no jabá, de apostar mais no consumidor jovem - aí se alavanca o crescimento das FMs - e concomitantemente, no Brasil, com o decréscimo do volume e do prestígio dos festivais, ficou muito difícil a renovação de quadros da MPB. Os que já tinham algum lastro resistiram. Nos anos 1980 a balança de venda de discos pendem mais aos estrangeiros, nos anos 1990 voltou aos nacionais, mas aí alicerçada na farofa comercial de axé, pagode e sertanejo. 


O RiR a meu ver é sobretudo um evento viralata de grandes proporções, que naquele momento influiu na formação do gosto, especialmente dos jovens daquela época. No imaginário nacional, obviamente, o modelo de festival passou a ser esse, com artistas nacionais abrindo para internacionais, e com a centralidade do rock que naquele momento era o grosso do mainstream pop, fosse qual fosse a "roupagem". Eis a programação completa da primeira edição: 



Houve uma articulação entre coisas acontecendo no mercado internacional e no próprio mercado brasileiro, em que fica evidente o enfraquecimento de uma linha que vinha nos anos 1970, quando num dado momento Chico, Elis, Milton, vendiam num patamar muito mais alto, ocupavam o centro da mídia, etc... Mas com o fim dos festivais brasileiros da canção e a mudança de estratégia das gravadoras, eles ficaram "ilhados" em nichos e o catálogo novo passou a ser menos ousado musicalmente e bem mais colonizado.
Existem estratégias de marketing que são explícitas, e para além delas existe uma hierarquia cultural que é preciso ver além da contabilidade. Coisas como ordem das apresentações, atitudes de bastidores, enfim, um sem número de exemplos em que a construção simbólica foi sempre a de que o nacional era preterido em algum nível. Há vários relatos sobre, ou momentos emblemáticos como o confronto do Carlinhos Brown (que ironia esse sobrenome artístico nesse ponto) com o público que esperava por sei lá que banda.



As marcas são as protagonistas desse modelo de espetáculo globalizado, vide depoimento do empresário Roberto Medina, promotor do evento [link]. Se a gente olhar Copa do Mundo, Olimpíadas, qq coisa assim de porte, sempre serão elas que dão as cartas. Reparem que o que elas mais querem é controle. Vide uma "lei geral da copa". Então, girando mais um pouco o parafuso, é o projeto econômico e político das corporações que promove essa vertente de consumo globalizado padrão. RiR é um produto direto disso. Parece que nos últimos tempos houve uma naturalização daquilo que nos anos 1980 era claro que seriam dos grandes agentes opressores do mundo globalizado, as corporações.Os comerciais dos anos 1980 parecem ecoar em meus ouvidos: "Coca-Cola é isso aí! Hollywood, o sucesso!". 

A aceitação desavisada, por vezes míope, de teorias e estudos que elevam ao suprasumo tudo que se dá no que, por exercício macunaímico, me permito nomear sumariamente de "o micro", leva a equívocos absurdos como o Ivan Valente louvando o início do Rock in Rio pq uma jovem fez uma justa homenagem à Marielle Franco antes de seu show. Nenhuma palavra do nobre deputado sobre a natureza do evento, tampouco sobre a lamentável cena do "Palco Favela" sob luzes de holofote e ruídos emulando helicópteros, numa alegoria da luta de classe em estado de choque ou êxtase - dependendo do lugar no espaço urbano e social o sujeito se encontra. Essa do helicóptero é nível bolsonaro de escrotice destilada [link]. Eis a mais pura miséria da microscópica política. Estamos virando figurantes de um roteiro distópico hollywoodiano de quinta categoria. Eu conclamo um repúdio massivo a esse negócio demente de ficar romantizando favela, e sobretudo no contexto de um festival famigerado como Roquinrio num momento como esse. Precisamos recuperar nossa dignidade.

29 de setembro de 2019

Roquinquem, cara pálida?

O Rock in Rio (RiR) representou, desde o começo, um novo modelo da geopolítica indústria fonográfica muito mais hegemonista e homogeneizador do que das décadas de 1960-70. O quadro maior, muito resumidamente, era o seguinte, um rearranjo do mercado fonográfico internacional, com a redução de "majors", a decisão de padronizar / centralizar mais a produção, de apostar menos, de radicalizar no jabá, de apostar mais no consumidor jovem - aí se alavanca o crescimento das FMs - e concomitantemente, no Brasil, com o decréscimo do volume e do prestígio dos festivais, ficou muito difícil a renovação de quadros da MPB. Os que já tinham algum lastro resistiram. Nos anos 1980 a balança de venda de discos pendem mais aos estrangeiros, nos anos 1990 voltou aos nacionais, mas aí alicerçada na farofa comercial de axé, pagode e sertanejo. 

O RiR a meu ver é sobretudo um evento viralata de grandes proporções, que naquele momento influiu na formação do gosto, especialmente dos jovens daquela época. No imaginário nacional, obviamente, o modelo de festival passou a ser esse, com artistas nacionais abrindo para internacionais, e com a centralidade do rock que naquele momento era o grosso do mainstream pop, fosse qual fosse a "roupagem". Eis a programação completa da primeira edição:



Houve uma articulação entre coisas acontecendo no mercado internacional e no próprio mercado brasileiro, em que fica evidente o enfraquecimento de uma linha que vinha nos anos 1970, quando num dado momento Chico, Elis, Milton, vendiam num patamar muito mais alto, ocupavam o centro da mídia, etc... Mas com o fim dos festivais brasileiros da canção e a mudança de estratégia das gravadoras, eles ficaram "ilhados" em nichos e o catálogo novo passou a ser menos ousado musicalmente e bem mais colonizado.

Existem estratégias de marketing que são explícitas, e para além delas existe uma hierarquia cultural que é preciso ver além da contabilidade. Coisas como ordem das apresentações, atitudes de bastidores, enfim, um sem número de exemplos em que a construção simbólica foi sempre a de que o nacional era preterido em algum nível. Há vários relatos sobre, ou momentos emblemáticos como o confronto do Carlinhos Brown (que ironia esse sobrenome artístico nesse ponto) com o público que esperava por sei lá que banda.



As marcas são as protagonistas desse modelo de espetáculo globalizado, vide depoimento do empresário Roberto Medina, promotor do evento [link]. Se a gente olhar Copa do Mundo, Olimpíadas, qq coisa assim de porte, sempre serão elas que dão as cartas. Reparem que o que elas mais querem é controle. Vide uma "lei geral da copa". Então, girando mais um pouco o parafuso, é o projeto econômico e político das corporações que promove essa vertente de consumo globalizado padrão. RiR é um produto direto disso. Parece que nos últimos tempos houve uma naturalização daquilo que nos anos 1980 era claro que seriam dos grandes agentes opressores do mundo globalizado, as corporações.Os comerciais dos anos 1980 parecem ecoar em meus ouvidos: "Coca-Cola é isso aí! Hollywood, o sucesso!". 

A aceitação desavisada, por vezes míope, de teorias e estudos que elevam ao suprasumo tudo que se dá no que, por exercício macunaímico, me permito nomear sumariamente de "o micro", leva a equívocos absurdos como o Ivan Valente louvando o início do Rock in Rio pq uma jovem fez uma justa homenagem à Marielle Franco antes de seu show. Nenhuma palavra do nobre deputado sobre a natureza do evento, tampouco sobre a lamentável cena do "Palco Favela" sob luzes de holofote e ruídos emulando helicópteros, numa alegoria da luta de classe em estado de choque ou êxtase - dependendo do lugar no espaço urbano e social o sujeito se encontra. Essa do helicóptero é nível bolsonaro de escrotice destilada [link]. Eis a mais pura miséria da microscópica política. Estamos virando figurantes de um roteiro distópico hollywoodiano de quinta categoria. Eu conclamo um repúdio massivo a esse negócio demente de ficar romantizando favela, e sobretudo no contexto de um festival famigerado como Roquinrio num momento como esse. Precisamos recuperar nossa dignidade.

 
 
 
 
 

11 de maio de 2016

BH não é o Texas e as Minas são Gerais

Provocado pela matéria publicada no site noisey, "BH é o Texas: o rock triste e a cena fantasma de Belo Horizonte" (completa, aqui), meu parceiro Pablo Castro escreveu esse comentário que foi muito além da matéria - diga-se de passagem, jornalismo ruim, incapaz de dar voz a outros pontos de vista a respeito do assunto que trata ou verificar determinadas informações.

Por Pablo Castro
Para além de ser contestado quase que unanimemente pelos próprios roqueiros da cidade, o conteúdo da matéria " BH é o Texas " incorre no mesmo erro ancestral do rock : se fechou em si mesmo, como uma espécie de torcida de futebol difusa e desorganizada, querendo o tempo inteiro estigmatizar qualquer influência que seja em alguma medida brasileira, ainda que o rock seja um de seus elementos, como a Tropicália e o Clube da Esquina, respostas diferentes para questões semelhantes
Eu acho engraçado por dois motivos : da cena autoral de MPB da cidade eu sou talvez o que mais diretamente conversa com a influência do rock, e também me considero o que mais afirma minha afinidade e minha admiração para com a obra do Clube da Esquina. Isso contudo não significa nem que meu trabalho é de rock nem que eu tente imitar ou recauchutar o Clube , que é uma das várias facetas da minha busca como compositor. É possível amar uma obra, ser influenciado por ela e ao mesmo tempo não querer repeti-la. E mais, conheço, no estado de Minas, excelentes experiências criativas mais inequivocamente informadas pelo Clube e que também não lhe são imitações, como o que faz meu amigo Clayton Prosperi , que esteve aqui semana passada , a quem não pude assistir justamente por ocasião da minha apresentação com o Lô na casa A Autêntica. Até porque o que se chama de Clube da Esquina tem lados muito diversificados, Toninho Horta de um lado, Tavinho Moura de outro, Nelson Ângelo de um lado, Beto Guedes de outro. Não se trata de forma alguma de uma obra homogênea. A genialidade de Milton de alinhavar tão heterogêneas direções nos mesmos discos tem a ver com a sua própria capacidade de sintetizar esse mosaico de forma bem acabada.
O que é chamado de rock hoje é qualquer agremiação musical que olha e olhará sempre para fora e não enxergará o que está próximo, desde que tenha guitarras elétricas , baixo e bateria. Acho que isso é uma opção, claro, mas depois não reclamem que a "cena não dialoga". Nem mesmo as bandas clássicas da década de 90, como Cartoon, Calix e Somba, ainda na ativa, são sequer mencionadas por uma matéria que credita a reputação do Graveola ao Fora do Eixo (???) , e que fala de umas bandas de que eu realmente nunca ouvi falar.
A música de Minas é grande, e variada. É a maior província do Brasil, mas provavelmente é o maior celeiro. A mim não me interessa me filiar a um nicho que se considera escolhido por Deus ou pelo Diabo a ser algo "oxigenado" por quem ignora a grandeza do que ultrapassa os cercadinhos do que se chama de rock. Sou músico pela música, e ela é muito maior do que uma espécie de super-gênero meio messiânico.
Apenas para finalizar, o compositor de mais estofo da minha geração, do Rio de Janeiro, qualifica a produção de canções em Minas como a mais rica do Brasil. E ele não se preocupa se é rock, baião, balada, sertão, barroco, música de câmara, valsa, arrasta-pé, reaggae ou que seja. A nossa música vai mais além.

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14 de abril de 2014

O fim dos Beatles e a indústria cultural



Um vídeo curioso. Obviamente não há qualquer possibilidade de comparação entre os Beatles e o Led Zeppelin. Mas é interessante como documento de época, da maneira como mostra como funcionava a indústria cultural. Aqui vali-me de uma grande lição metodológica para os historiadores, que é aquela que ensina a evitar os anacronismos. Nós aqui sabemos perfeitamente o que representam historicamente, desde nosso ponto de vista, os Beatles, o Led Zeppelin, quem mais for o caso. Porém lá estão os ingleses em 1970, vendo um programa de TV cujo argumento básico era demonstrar que os Beatles "haviam ficado pra trás". Na impossibilidade de continuar a vendê-los após a dissolução da banda, de repente a mídia move as baterias contra eles (de uma maneira que pra nós até surpreende porque a posteridade só fez aumentar o prestígio - e valor de mercado também, não há porque negar - de sua obra) e procura fabricar novos fenômenos de venda mobilizando até um discurso supostamente autorizado, como do tal Coleman, editor da revista Melody Maker. Mas, justamente, essas revistas só podem ser vistas como engrenagem da máquina da indústria cultural, elas não fazem sentido fora desse "circuito" de produção, circulação e consumo.  

13 de outubro de 2013

Os delírios não envelhecem

Acabei de voltar do show dos Mutantes tocando por completo o disco Tudo foi feito pelo sol (1974), contando com toda a formação que o gravou (Sérgio Dias, Túlio Mourão, Antônio Pedro de Medeiros e Rui Motta). Sob diversos ângulos, posso afirmar que foi um grande show, com execução primorosa e sanguínea, com direito a solos memoráveis - os "duelos" entre Sérgio Dias e Túlio Mourão foram de arrepiar - e uma usina poderosa de ritmo na chamada "cozinha", uma sincronia e entrosamento que impressionam. No rosto dos músicos estava estampado o prazer de tocar, correspondido pelo envolvimento do público. Já na terceira música todo mundo de pé, posição em que seria assistido todo o restante do show, aliás não muito longo uma vez que a proposta era executar todo o disco. Inevitável sentir ao final que seria muito bom se aquele estado de êxtase durasse mais temp(l)o. Não exagero, especialmente se for pra descrever o comportamento de uma moçada que sequer havia nascido quando o LP foi gravado, e que representava boa parte da audiência. Aliás, nessa me incluo, diria que boa parte do público deveria ter no máximo uns 25 anos... Aí entra meu filho João Paulo, ainda "di menor", que mais uma vez me deu o prazer de sua companhia num espetáculo que de alguma forma tem conotação histórica acentuada. Confesso que jamais poderia imaginar um dia ver um show dos Mutantes, fosse qual fosse a formação. Mas, falando em História, não tenho como evitar o dever de ofício. Esses dias mesmo estava a refletir sobre a forma como a recepção e a posição simbólica do rock 'n' roll mudaram ao longo das décadas. Ver os Mutantes ali, executando ao vivo um disco gravado há praticamente 40 anos, me fez retomar esses pensamentos. De cria rebelde do caldeirão afro-americano, remexido e expandido após cruzar o Atlântico e cair no gosto dos jovens cabeludos da terra da rainha, de celebração catártica do novo capaz de abalar estruturas de uma sociedade conservadora, acabou sendo convertido em clássico, em digno de tributo, em peça de museu e relançamento de catálogo. Sua trajetória é um bom exemplo de como a modernidade traga, mas não dissolve por completo em seus pulmões, as fumaças mais alucinantes que a imaginação humana possa conceber nos mais recônditos cantos da mente e do corpo. Um trecho da matéria do Estado de Minas [completa, aqui] dá uma boa pista para entender um pouco melhor o que ocorre:

“Criou-se uma mítica em torno desse disco”, resume Túlio. O frisson vem, principalmente, da parte técnica. Fãs ouvem as faixas fazendo air guitar involuntário nos solos de Sérgio Dias ou dão dedadas no moog imaginário para acompanhar Túlio Mourão. “A garotada de hoje tem acesso instantâneo e abrangente a tudo. Essa turma compara, conhece muito e encontra conteúdo, sinceridade e alta performance instrumental naquele disco”, avalia Túlio.

Atualmente o passado penetra o presente de forma intensa, e não apenas sob o signo da nostalgia propriamente dita, mas como fetiche, mercantilizado numa fórmula essencialista em que pode ser consumido como se assim fosse possível transcender a diferença do tempo e sentir-se como "se estivesse lá". Entretanto, eventualmente resta a possibilidade concomitante de ser apropriado de forma crítica, num procedimento em que conferimos aos vestígios que dele nos chegam outros sentidos na atualidade. Assim, num tempo de Pro-Tools e parafernálias digitais as mais diversas, retomar a excelência técnica e a musicalidade aguda como parâmetros de gosto pode de alguma forma ter um sentido crítico em relação ao que disponibiliza a indústria fonográfica e a produção cultural movida a leis de incentivo hodiernos. Desse modo, felizmente, os delírios não envelhecem.

13 de julho de 2013

O rock que fala de rock

A título de homenagem pelo Dia do Rock, fiz rapidamente uma playlist com rocks que falam do próprio rock and roll, recorrendo assim à prática da metalinguagem. Certamente que quiser pode acrescentar mais títulos à lista ou fazer a sua própria. Eu mesmo pensei em mais algumas que acabei deixando de fora até por questão de gosto, pressa ou esquecimento mesmo.

1 de maio de 2013

Grandes encontros da música popular - Bob Dylan e George Harrison

Não é sempre que músicos desse porte chegam a se encontrar. Muito menos a colaborar, e menos ainda a se transformar em amigos e parceiros. Foi exatamente isso que aconteceu entre Dylan, considerado por todos os Beatles como grande referência, e George Harrison. Entre parcerias e gravações, colaborações em concertos (com destaque para a participação de Dylan no Concerto para Bangladesh) e a formação da banda Travelling Willburys, muita história pra contar e muita música para ouvir. Numa dessas várias ocasiões encontraram-se no Estúdio B da Columbia records em Nova York, material que justamente foi o motivo inicial dessa postagem. 

Dylan + Harrison Estúdio B (player com 19 faixas)


Artigo Bob Dylan and George Harrison through the years, incluindo p
equena cronologia

Ensaiando If not for you para o Concerto para Bangladesh  




Num dos primeiros takes da parceria I'd have you anytime



Uma belíssima versão de George para Mama You've Been On My Mind, de Dylan.
 

4 de abril de 2013

Influência que atravessou o oceano

McKinley Morganfield, muito mais conhecido como Muddy Waters, completaria 100 anos. Um dos mais influentes bluesmen de todos os tempos, partiu de trem dos cotton fields forever do Delta do Mississipi para plantar os jardins elétricos de Chicago [para saber mais, essa boa matéria do site American Blues Scene e o site oficial do homem]. Sua música atravessou o Atlântico e ganhou a cabeça e o coração dos filhos pobres e rebeldes da antiga Grande Bretanha. Foi de uma canção sua que os Rolling Stones sacaram o nome da banda, enquanto os Beatles lhe fizeram uma deferente citação em Come Together. E para completar a viagem transatlântica sua música também aportou na América ao Sul do Sul, como podemos comprovar ouvindo o som da banda brasileira Blues Etílicos, que incluiu em sua discografia o álbum Viva Muddy Waters (2006), todo em homenagem  ao mesmo.






25 de janeiro de 2012

Reflexões: Parcerias improváveis ou a química misteriosa de c...

"Grandes momentos do rock nasceram de parcerias improváveis. Conflitos de ego e estilo resultaram em uniões tensas, mas que conseguiramfazer trabalhos memoráveis e me fazem pensar sobre a química que ali existiu.(...)"
 Excelente texto no blog de meu amigo Renato Ruas, confiram lá!
Reflexões: Parcerias improváveis ou a química misteriosa de c...

23 de janeiro de 2012

Rita Lee, uma desbravadora

Acabo de ler a notícia da aposentadoria em shows de Rita Lee. O momento é digno de registro. Roqueira pioneira, grande compositora, intérprete de estilo inconfundível e forte presença de palco, conquistou com todos os méritos o posto de "rainha do rock brasileiro". Levou, até agora, a vida pessoal conturbada condizente com o título. Já faz algum tempo que não lança disco de inéditas e sua parada parece mesmo ser oportuna. 
Como aqui venho colocando material relativo ao ano de 1976, separei alguma coisa dela deste período, quando era acompanhada pela banda Tutti Frutti. Uma apresentação na extinta TV Tupi, uma faixa do LP Entradas & Bandeiras, lançado naquele mesmo ano, com um trecho da letra da canção, Corista do rock (R.Lee/L.Carlini)

"Disseram que o palco não é mais aquele lugar
Mas do jeito que a gente me olha de frente
Como eu vou parar?
Pois eu sou corista num grupo de rock
Que tem pra valer
Um ponto de vista que não se limita
De ser ou não ser
Prefiro ser os dois(...)"


e pra fechar uma versão de Para Lennon e McCartney (Lô Borges/Márcio Borges/Fernando Brant), do show homônimo do disco. Ave Rita Lee!

18 de janeiro de 2012

Acesso a arquivos e música popular

O acesso a arquivos é crucial para ampliar nosso conhecimento e apreço pela música popular.  Com a cortesia de meu caro amigo Renato Ruas, seguem os links para notícias sobre a digitalização de parte do acervo pessoal de Paul McCartney (aqui) e da abertura dos arquivos do Rock and Roll Hall of Fame (aqui). Além de serem fontes importantes para a história de um artista único ou um gênero musical, representam um patrimônio a ser preservado, divulgado e pesquisado. Embora a digitalização seja uma ferramenta importante que agrega novas possibilidades de consulta e estudo, acredito que a consulta aos acervos físicos guarda possibilidades cognitivas e afetivas relevantes e deve continuar a ser promovida por governos, instituições, pesquisadores, colecionadores e apreciadores em geral.



31 de dezembro de 2011

Rock em tempo


Essa lista, feita a partir de um velho trabalho dos tempos de graduação que depois virou um mini-curso que falava de rock, rebeldia, anos 50 e 60, ainda na década de 1990, veio à tona para colaborar com as aulas de meu amigo e colega Fabiano Buchholz sobre "(...) a música popular dos anos 50, 60 e até 70 como documentos sobre a época e as mudanças que ocorreram então no comportamento sexual, moral, afetivo, político, social e etc.", que respondi incialmente assim:
"(...) ótima proposta. vem tanta coisa à cabeça. uma vez dei um mini-curso no eneh que tinha tudo a ver com isso. vou ver se acho o material aqui, tinha tb alguns trabalhos de graduação que pode ser úteis. Tenho muuuittaaa coisa. Alguns livros legais são Rock o grito e o mito do R. Muggiati, Impressões de viagem, da Heloísa Buarque de Holanda. As entrevistas do Pasquim, e revistas de "contra-cultura". Na minha dissertação tem coisas que vc pode aproveitar, pega lá no domínio público. Já viu aquele Almanaque Anos 60? Esse não tenho... Filmes, da época tem Hair, o filme do Tommy, filmes do Elvis, o próprio Magical Mystery Tour ou Yellow Submarine. Filmes da posteridade tem o "Febre de Juventude", bem sessão da tarde mas mostra a 1a. visita dos Beatles nos EUA do ponto de vista dos adolescentes."
A curiosidade dessa lista é que, propositalmente, nela não entrou nenhuma dos Beatles, porque queria fazer outra exclusiva depois, só que o tempo foi curto... Música e Cultura anos 50/60/70 by Luiz Henrique Assis Garcia on Grooveshark

24 de novembro de 2011

Já que o assunto é lista

Jimi Hendrix é melhor guitarrista de sempre, diz a Rolling Stone: veja aqui top 100 completo (at.) Como sempre, esse negócio de lista é controverso. Desde os nomes até a ordenação, tudo pode ser discutido. Ainda por cima, os critérios nunca ficam claros, pois o que interessa é a sanha classificatória, que certamente rende repercussão às revistas que publicam essas classificações.
De cara, já acho que as listas não deveriam misturar gêneros e gerações, pois os parâmetros de comparação vão ficando escassos, porque os valores estéticos mudam.

13 de novembro de 2011

Quem é quem do rock and roll

Continuo longe do que pretendo com esse blog, mas ando conseguindo ao menos manter o ritmo de postagens numa média razoável. Devagar vou aprendendo a multiplicar meus esforços, que era justamente um dos objetivos. Assim, hoje pensei em aproveitar algumas coisas que bolei para a Optativa. Uma delas foi esse pôster, que achei numa busca de imagens pela internet. O interessante é que ele constitui ao mesmo tempo uma coleção e uma narrativa visual da história do rock and roll, segundo seu autor (não consegui determinar quem foi). Sugere também uma atividade interativa, e sendo assim convido os amigos leitores do blog a identificar as figuras e suas canções emblemáticas. No espírito do Alta fidelidade, o autor do melhor comentário poderá fazer uma lista com as suas escolhidas que transformarei numa postagem exclusiva. Avante, e vida longa ao rock and roll!

1 de junho de 2011

44 anos atrás hoje

Escrever sobre o Sgt. Pepper's é quase tão bom quanto ouvi-lo.
"O estúdio torna-se um novo instrumento que permite alterar de diversas formas o som gravado: o corte, a sobreposição, a distorção, a alteração da velocidade da fita, a inserção de outros sons como recurso de citação (e não a citação composicional) aproximam a gravação das técnicas cinematográficas . Neste sentido, George Martin foi sem dúvida o Einsenstein da música popular". (GARCIA, 2000)