Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

8 de abril de 2011

O modal e a modinha

Muito trabalho e pouco tempo pro blog... Nessas horas o jeito é apelar. Um artigo que foi legal de fazer, mesmo sem ter aproveitado muito dele pra tese. É um ensaio arriscado, casando música e iconografia, e saltando do Brasil colonial para a segunda metade do século XX.
GARCIA, Luiz Henrique A. . O modal e a modinha: transações musicais brasileiras através da iconografia. Cronos (Pedro Leopoldo), v. 7, p. 123-134, 2003.
A pintura é Negertanz (Dança de negros), de Zacharias Wagener.

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