Espaço que visa divulgar e disponibilizar trabalhos de criação e crítica referentes à MPB e música popular, não apenas para promover o intercâmbio de gostos e opiniões, mas fundamentalmente catapultar o debate sobre o tema.
Cerejas
Silêncio
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
1 de junho de 2011
A feira (Pablo Castro/Luiz H Garcia) por Lívia Lucas
Lívia Lucas cantando A Feira (letra minha e música do Pablo Castro) ao vivo no Carioca da Gema 27/01/2010. Ontem vi o vídeo e deu vontade de postar. Né por nada não mas essa música aí... Mas por aqui tem que dar uma elaborada porque é um blog de crítica e não de autopromoção, rsrsrsrs. Vamos lá. Essa canção é especial pra mim em muitos sentidos, desde seu surgimento. Pesquisando e praticando, posso garantir que não tem fórmula pronta pra composição. Essa teve uma coisa que acho incrível, que de vez em quando acontece na minha parceria com o Pablo, que foi eu ter feito a letra antes de ouvir a música, mas como se já tivesse destino. Quando ele tocou a primeira vez pra mim, ouvi e soube na hora que tinha que ser A feira, que até então era uma espécie de poema. A parceria proporciona, na música popular, esse tipo de interação "misteriosa". Claro que ainda viria todo um tempo para burilar, mas tudo veio como consequência desse encontro inicial.
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