Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

14 de junho de 2011

A história do instrumento mais popular da MPB

De viola a violão
Livro de pesquisadora carioca revela detalhes sobre a história do instrumento mais popular da MPB, da sua chegada ao Brasil até as primeiras décadas do XX
Alice Melo
13/6/2011
Um trecho do texto publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional:
Quando chegou ao Brasil, ele se chamava viola. O tempo passou, seu corpo aumentou, ganhou as seis cordas. O violão, como ficou conhecido, já foi visto como instrumento de malandro, mas, durante a década de 1920, passou a ser reivindicado como um elemento inerente à identidade nacional, sentimento que se reforçou no fim dos anos 1950, com a bossa nova. “É preconceito supor-se que todo o homem que toca violão é um desclassificado. A modinha é a mais genuína expressão da poesia nacional e o violão é o instrumento que ela pede”, já dizia Lima Barreto pela voz do personagem Policarpo Quaresma, em “Triste fim de Policarpo Quaresma”, publicado pela primeira vez em 1911.

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