Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

18 de agosto de 2011

Música popular e colecionismo II

Primeiras leituras, em torno do conceito de música popular e sua aplicação no contexto histórico brasileiro:
NAPOLITANO, Marcos. História e Música. Belo Horizonte:Autêntica, 2002. (cap.1)
MORELLI, Rita C.L. Indústria fonográfica: um estudo antropológico. Campinas: Unicamp, 1991. (cap.1)
SANDRONI, C. Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Rio de Janeiro: Zahar, 2001. (final da part 1 e início da parte2)
Para comentar:
“A música popular nasceu bastarda e rejeitada por todos os campos que lhe emprestaram seus elementos formais (...)” (NAPOLITANO, 2002: 15)

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