Acabei de participar, com muita satisfação, da banca da defesa de tese de Marcos Edson Filho, Memórias, discos e outras notas: uma história das práticas musicais na era elétrica (1927-1971). Calhou de ser justamente no dia do músico. Na ilustríssima companhia de Dra. Regina Helena Alves da Silva (orientadora) História - UFMG; Dr. Guilherme Caldeira Loss Vincens - Música - UFSJ; Dra. Glaura Lucas - Música - UFMG; Dr. José Newton Coelho Menezes - História - UFMG, falamos de fonografia, técnica e cultura de gravação, práticas musicais dentro dos estúdios, intérpretes, instrumentistas, arranjadores, técnicos de som, iconografia, história oral, musicologia, etnomusicologia, metodologia, fontes diversas e outras notas. Junto com arguições pertinentes, elogios, puxões de orelha, troca intelectual da melhor qualidade, reinou o bom humor, que foi a tônica (ou seria a dominante?) da defesa que trouxe, nesta quente tarde de sexta, um pouco de alento e porque não dizer, alegria, em meio aos cansativos e acumulados trabalhos de final de semestre.
Espaço que visa divulgar e disponibilizar trabalhos de criação e crítica referentes à MPB e música popular, não apenas para promover o intercâmbio de gostos e opiniões, mas fundamentalmente catapultar o debate sobre o tema.
Cerejas
Silêncio
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
22 de novembro de 2013
Notas sobre a história da fonografia no dia do músico
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Que honra isso aqui. Aprendi muito com você. Sua arguição ainda renderá muitos trabalhos futuros. Espero que seja o começo de uma frutífera parceria. Muito obrigado pela leitura e pelas contribuições.
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