Enquanto estava aqui em Natal para participar do XXVII Simpósio Nacional de História da ANPUH anunciou-se a morte de Dominguinhos. Um grande músico, antes de mais nada. A condição de herdeiro artístico de Luiz Gonzaga, mais do que merecida, é só uma das provas disso. Dominguinhos sanfoneiro, claro, mas também um baita compositor e intérprete, com identidade própria e contribuições que vão além dessas demarcações imediatas. Justamente esse tópico, por assim dizer, da relação da música com os lugares, as fronteiras de tempo e espaço, um dos principais nós das discussões travadas entre os participantes do ST de História e Música, que teve a condução rigorosa e ao mesmo tempo agradabilíssima do caro colega Adalberto Paranhos (UFU). Por isso mesmo julguei que para homenagear Dominguinhos seria bacana buscar um pouco dessa visão para além das fronteiras.
Pincei por aí algumas coisas, e começo com essa citação de entrevista de um de seus mais importantes parceiros, Gilberto Gil, extraída do portal G1 [completa, aqui] :
“Dominguinhos foi além, em uma direção que Gonzaga não pôde, não teve tempo. Ele foi na direção do início de Gonzaga, o instrumentista, da época das boates do Mangue, no Rio de Janeiro, quando ele tocava tango, choro, polca, foxtrot, tocava tudo, repertório internacional, tudo na sanfona. ”
Emendo o depoimento de Tato Cruz, do grupo Falamansa [completo, aqui], de outra geração mas cuja fala vai de encontro ao que disse Gil:
"O que talvez nem mesmo Luiz Gonzaga imaginava é que seu "apadrinhado" viraria um dos maiores músicos do planeta e que romperia a barreira dos segmentos rítmicos se aventurando entre o jazz, o chorinho e a MPB com maestria."
Justamente o que podemos ouvir nessa colaboração dele com o Toninho Horta, ademais homenagem do segundo ao próprio Dominguinhos. E, por fim, uma canção que admiro demais, Tenho sede, parceria dele com sua companheira e parceira Anastácia, lindamente interpretada junto com o Gil. Uma canção digna dos grandes artífices dessa linguagem, em qualquer lugar do mundo.
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