Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

1 de janeiro de 2015

Na estante, ainda: Músicos, ídolos e poder

Aproveitando o ensejo de uma matéria do Estado de São Paulo [completa, aqui], decidi recuperar o pdf do livro Músicos, ídolos e poder, de André Midani, figura central na história da indústria fonográfica no Brasil. Até agora só coloquei na coluna comentários e resenhas de livros que já li, e o do Midani passou todo 2014 guardado no HD e talvez continue assim por mais um tempo. Nem tudo a que nos propomos pode ser cumprido à risca. Abro, portanto, essa exceção porque acho que vai interessar a muita gente e a figura aí além de tudo, pelas tantas entrevistas dele que já, é pra lá de instigante.


 
André Midani, entre tantas coisas diretor da gravadora Philips nos anos 1960.

2 comentários:

  1. É a íntegra do livro? Caramba. Em tempos de internet fica difícil proibir qualquer coisa. Para bem e para mal. Valeu por compartilhar.

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