Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

24 de setembro de 2017

Navegação errática #1

Sempre me pego praticando esse tipo de Navegação Errática, pescando um link aqui, uma referência ali, indo parar onde menos espero nas praias do oceano digital. Resolvi criar uma série com os resultados desse tipo de exercício de flanagem digital.
Por enquanto não vou ficar elaborando muito, só enfileirar o que encontrei.



A trilha do dia começou com uma passeada pela obra de Assis Valente, motivada pela inevitável lembrança de E o mundo não se acabou, na inconfundível e inimitável interpretação de Carmen Miranda.



Minhas postagens de Assis Valente motivaram ao amigo pesquisador Magno Córdova a lembrança da gravação de Bethânia e Nara Leão para Minha embaixada chegou em "Quando o carnaval chegar"



Acabei caçando uma cópia do filme [aqui] e de um pulo parei num outro, que já me escapou o título mas cuja trilha me intrigou. Descobri que era do quinteto de excelentes instrumentistas brasileiros Mandala [Roberto Sion - Flauta, Sax Luiz Roberto Oliveira - Sintetizador, Violão Zeca Assunção - Baixo, Voz Nelson Ayres - Piano Zé Eduardo Nazário - Bateria, Percussão], que em 1976 gravou o disco homônimo:




Daí o algoritmo do You Tube abriu um monte de discos na barra lateral, e me fisgou pelo título o disco Belorizonte (1983) da banda Aum, da minha terra natal, que eu realmente não conhecia. Algumas informações aqui e aqui. Disco independente gravado no nosso cheio de história estúdio Bemol. Na sequência bati um papo online com meu amigo Tito Flávio Aguiar, professor da UFOP e colega nas desventuras de doutorado, e como eu imagine ele não só conhecia a banda - José Paulo Mesquita (Baixo) ; Leopoldo Mesquita (Bateria); Marcio (Frango) (Guitarra); Betinho (Teclados); Taquinho (Guitarra) - como tinha ido a um show dos caras. Como eu já suspeitava o nome era referente ao mantra hinduista Om. 



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