Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

15 de novembro de 2020

Atuação acadêmica à distância




Nestes tempos de restrições impostas pela pandemia, tem ocorrido uma intensa atividade acadêmica e de divulgação científica nas redes. Muito mais importante que colocar essas coisas no Lattes, é a oportunidade de compartilhá-las com o maior número de pessoas. A internet é um canal importante para isso. Compartilho aqui dois encontros online que tive o prazer de participar, a convite. Vale conferir as falas e os ótimos debates que pudemos travar ao final das apresentações, contemplando inclusive participação do bom público que acompanhou.

Tive o grande prazer de dividir essa excelente mesa com Berenice Corti e Evandro Higa, nas 4a. Jornada de Investigação em Música Latino-Americana, promovida pela Unila desde Foz do Iguaçu, que nas figuras de seus professores Felipe Jose e Bia Cyrino agradeço novamente pelo convite e pelo esforço extra (grato, ainda, ao colega Lucas!) de adequar o conteúdo às exigências de veiculação do You Tube - em particular o da minha fala que trazia muitos exemplos musicais inseridos em vídeos veiculados pelo próprio YT, e paradoxalmente precisaram ser em sua maioria editados.

Intitulei minha fala "Cordilheira de sonhos numa esquina do mundo": América Latina no som imaginário do Clube da Esquina, e este foi o resumo do que digo em minha participação na mesa:

"A partir de conceitos de culturas híbridas, transculturação, cultura popular e moderna tradição pensados em chave latino-americana por autores como García Canclini, Martín-Barbero, Ángel Rama, Antônio Cândido e Renato Ortiz, proponho um trajeto investigativo para pensar uma cartografia sonora imaginária da América Latina na obra discográfica de Milton Nascimento e de seus companheiros do coletivo Clube da Esquina, registrada especialmente entre as décadas de 1960-80. Tal itinerário representa uma possibilidade para entender as possibilidades de trânsito entre culturas, artistas e públicos neste espaço continental, inclusive para além dos marcos temporais traçados, considerando a vitalidade de tal obra e seus criadores. " 



No evento "Encontros com o Patrimônio", promovido pela Casa Fiat de Cultura, em BH, participei de uma conversa bacana sobre Santa Tereza e o Clube da Esquina, junto com a historiadora e educadora da Casa, Ana Carolina Ministério, e o ilustríssimo Telo Borges. Na minha fala Patrimônio cultural, lugares e sentidos: a esquina do Clube, apresentei uma síntese das pesquisas que venho conduzindo na UFMG, atualmente encampadas no grupo de estudos Som e Museologia (SOMMUS) que coordeno. Quem quiser ir mais fundo pode começa conferindo o podcast Patrimônio urbano e música popular, aqui mesmo no blog.


 





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