Este ano de 2024, com o lançamento completo do álbum "O riso e o juízo", do meu parceiro Pablo Castro, finalmente tenho a oportunidade de tratar dessa canção, composta há vários anos. Trata-se de uma balada de separação, ainda que seu andamento seja um pouco mais célere, o que cria um certo impulso que previne o resultado final de ser propriamente triste ou melancólico, ainda que não deixe de ser doído. Quando a ouvi a primeira vez, ao violão, a batida ecoava aquela que Caetano usou em "Você é linda", embora aqui o tom apaixonado convicto, em que a amada é celebrada através de sua associação a elementos e objetos percebidos pela beleza, seja substituído por outro em que o "eu lírico" se dirige a ela entre inquisitivo e perplexo, sondando os sentimentos próprios e alheios diante de seu mútuo afastamento.
O que faz falta (Pablo Castro/Luiz Henrique Garcia)
O que me faz falta fica pra alémdepois de amanhã
O amor vai e volta é como um ímã
O que não se espera
pode aparecer
e a ferida se abrir
Momento de culpa, colo de mãe
demora a manhã
um tempo poeta nu no divã
Vai me perguntar
e contar pra você
onde foi que eu perdi
Não sei se lhe importa
que eu olhe pra trás
ou tente entender o que lhe conduz
Você já não volta
talvez por um triz
se o que lhe faz falta você nunca diz
se o que lhe faz falta é quem você não quis
O que me faz falta pra ficar bem
depois do café
amargo a revolta e como a maçã
A mochila pronta
pode parecer
preparada pra ir
Momento de raiva, golpe na fé
adeus num afã
um velho profeta réu no Irã
Vai me desvendar
e contar pra você
o que me fez sentir
Não sei se lhe importa
que eu pire de vez
ou tente encontrar de onde vem a luz
Você já não volta
talvez por um triz
se o que lhe faz falta você nunca diz
o que me faz falta é ver você feliz
Nenhum comentário:
Postar um comentário