Depois de uma longa e frutífera reunião entre autor e editor, na tarde de ontem, venho por meio desse pequeno anúncio comunicar ao respeitável público, em grande estilo, a retomada da publicação das análises críticas holísticas e finíssimas de Pablo Castro para completar a segunda série, com as 18 restantes da lista Outras 30 mais geniais do Clube da Esquina. Desenvolvemos juntos uma complexa e criteriosa tabela para tornar o processo de escolha das canções equilibrado e instigante. Através de poderosa tempestade cerebral provocada por uma nuvem cigana que pairou sobre nossas cabeças no entardecer do dia anterior, elaboramos uma pré lista de 50 possibilidades - o que demonstra tanto o peso da obra do Clube da Esquina quanto a dificuldade da tarefa de escolher as que devem entrar no rol das geniais.
E a recarga das baterias demanda também recalibrar as linhas de transmissão, ou seja, convidar mais uma vez a todos que já acompanham a saga da lista e a novos navegantes que porventura desejem zarpar para que se aprontem, pois a nau vai deixar o cais rumo ao campo de pesca submarina dessas 18 pérolas restantes.
Como aperitivo, chamariz, bônus, segue o texto que o Pablo acabou de escrever sobre Chuva na montanha, de Fernando Orly, gravada por Lô no LP A Via-Láctea (1979).
"O Lô Borges criou uma dicção tão clara que eventualmente outros compositores lhe faziam músicas que é difícil não acreditar que fossem de sua própria autoria, como na excelente e relaxante Chuva na Montanha, De Fernando Oly , que, entre alguns compassos de três numa música de resto 4/4, roda várias inversões dos mesmos 3 acordes, embora o efeito seja de constante progressão. Afora um ou outro mais, basicamente a canção se limita a esses três, a saber : G7M(9) , Eb7M e D7(11)(9), num tom de Sol Maior.
O elemento extraordinário desse arranjo é a soberba linha de baixo de Paulino Carvalho , conjugando perfeitamente a funcionalidade harmônica com prolixidade das linhas melódicas de forma impressionante. Considero os arranjos de baixo de Paulinho uma evolução das linhas mccartneyanas que transformaram o instrumento num protagonista expressivo das canções, só que num território harmônico mais simples e menos ambíguo do que as dicções montanhesas de Lô .Quem dera as músicas pop-radiofônicas de hoje tivessem esse nível de inventividade e originalidade."
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