Aproveitando o embalo vou fazer mais uma postagem no estilo "contando as letras". Mais uma das minhas parcerias com o Daniel Guimarães, feita totalmente à distância mas bem antes desse impositivo momento que infla indesejavelmente o apelo aos recursos digitais de comunicação. Foi uma das primeiras que fizemos. No intuito de compensar a falta do contato pessoal trocávamos longas mensagens através da rede. Enquanto ainda buscávamos um entrosamento que certamente veio com o tempo, eu procurava relatar com certa minúcia o que vinha à minha cabeça à medida que ia escrevendo. Tenho aqui algumas "anotações" que vou compartilhar para dar um pouco essa sensação de bastidor, de making of. Expressão que me veio a calhar aqui agora porque além de uma sugestão de que a música tinha sido a princípio sobre um personagem errante, e numa outra versão sobre uma tempestade, ela me soou desde sempre cinematográfica. Relatei assim minhas impressões após o primeiro esboço que encaminhei ao parceiro:
Comecei com esse imperativo, “abra”, e de uma certa forma foi pintando uma ideia de conciliar de algum modo esses temas sugeridos, o errante e a tempestade. E a coisa foi surgindo meio num conceito cinematográfico, filme de faroeste. Ficou uma coisa mais icônica, representando a ruptura com uma situação prévia indesejada. De uma certa forma isso também foi inspirado por uma conversa com a minha filha de 16 hoje sobre a dificuldade dela sair da aula de teatro.
Deixa acontecer (Daniel Guimarães/Luiz H. Garcia)
Abra
Atreva-se a partir
O horizonte em dois
O sol em cruz
Sela
O dorso do alazão
Um raio pela mão
O vento atrás
Alça
O voo do urubu
Abraça o tempo nu
Avista a luz
Vela
A sombra do caubói
Corte que ainda dói
Sem sangrar mais
Ultrapassa os temporais
Deixa acontecer
Na paz sagaz dos samurais
Deixa acontecer
Deixa acontecer
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