Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

28 de janeiro de 2014

Dobraram-se os sinos por Pete Seeger, working class hero de carne e osso

Cantor, compositor, adaptador e profundo conhecedor da música folk norte-americana, Pete Seeger atuou na linha de frente das lutas sindicais e políticas de esquerda por mais de 6 décadas. Sua trajetória em defesa do engajamento da canção na transformação social produziu um legado imensurável que influenciou músicos de Bob Dylan a Bruce Springsteen, entre tantos, e marcou as gerações que participaram dos movimentos civis e populares nos EUA. Para ler mais, ver a excelente matéria do The New York Times

Sua Where Have All the Flowers Gone? de alguma forma ecoa em nosso cancioneiro em Pra não dizer que não falei das flores de Vandré. Para completar, o hino do movimento de direitos civis We shall overcome, adaptado por ele a partir de velhos spirituals, na voz de Joan Baez, e Turn!Turn!Turn!, canção que compôs inspirando-se no texto bíblico do Livro do Eclesiastes e recebeu uma versão marcante - que inclusive tornou-se hit - da banda de rock The Byrds.






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