Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

9 de outubro de 2015

Entrevistando John Lennon

Lennon faria hoje 75 anos caso estivesse por aqui. Em celebração da data a Revista Rolling Stone lançou um número especial [aqui], que inclui entre outras coisas trechos [aqui] de uma entrevista de Lennon a estudantes, concedida em 1968, cuja íntegra, em áudio e transcrição, está disponibilizada no site do Hard Rock [aqui]. Ele comenta, para início de conversa, a carta aberta endereçada a ele por John Hoyland publicada no periódico radical de esquerda The black dwarf (que depois seria respondida por Lennon no mesmo periódico). As carta estão digitalizadas e reproduzidas no site, e o embate central é em torno do uso ou não da violência para promover transformações revolucionárias, com o qual naquele momento Lennon se debatia como fica claro na canção Revolution
Outro material interessante é uma lista de 20 canções "subestimadas" da carreira solo de Lennon, escrita por David Fricke em 2010 [aqui]. 


 

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