Na
última sexta-feira, 18 de agosto, aconteceu na ECI / UFMG o evento Efemérides Fonográficas: discos, patrimônio cultural e memória,
organizado por mim e realizado pelo PPG - Ciência da Informação, com
apoio da Diretoria da ECI e do grupo de pesquisa Estopim [Núcleo de
Estudos Interdisciplinares do Patrimônio Cultural], coordenado por mim e
pela profa. Rita Lages Rodrigues (EBA/UFMG). Fiz um breve resumo das atividades para deixar o registro e dar uma ideia de como foi a quem não pode ir.
Pela manhã, de 9:30 – 11:30, a Profa. Dra. Veronica Skrimsjö, da Liverpool Hope University proferiu a palestra "Popular music record collecting: aesthetics, identities & practices". A profa. abordou o universo do colecionismo de discos de vinil no
Reino Unido, os perfis sociais dos colecionadores, considerando variáveis como
classe, geração, gênero e práticas colecionistas, incluindo formas de
organização e de aquisição. Discutiu ainda o fenômeno mercadológico da retomada
de fabricação dos discos de vinil e o impacto das novas tecnologias de
digitalização e acesso à música gravada em portais e redes sociais na internet.
À tarde, entre 13:30- 15:30, ocorreu a palestra: Os 50 anos de Sgt. Pepper: uma análise
contextual e lítero-musical, do Prof. Dr. Lauro
Meller, da UFRN. O prof. tratou do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles, cujo lançamento completou
50 anos. Apresentou uma análise abrangente do ponto de vista contextual
e lítero-musical, acompanhada da audição das faixas, desde a composição das
canções, passando pelo intrincado processo de gravação, a confecção da capa, o
lançamento e a recepção por parte de crítica e público. Dedicou-se a esmiuçar o debate em torno da
caracterização de "disco conceitual" atribuída ao LP e da fortuna
crítica do mesmo.
Por fim, entre 16:00- 18:00, proferi a palestra "Efemérides e patrimônio na música
popular – Disco do Tênis (Lô Borges, 1972)". Discorri sobre o primeiro LP gravado por Lô Borges há 45
anos, que ficou conhecido como Disco do Tênis por sua capa. Após uma breve
introdução sobre o conceito de Efeméride, partindo de sua etimologia, caracterizei o disco como artefato e explorei suas dimensões
culturais, sociais e históricas. Através da apreciação de trechos e faixas,
apresentei uma síntese crítica do disco ao longo de sua trajetória
histórica, envolvendo a perspectiva do próprio compositor, de outros músicos e
incorporando as percepções do público através de comentários publicados no
portal You Tube. Por fim destaquei o Show de Reconstituição do Disco do Tênis,
em que seu repertório é tocado com a maior fidelidade possível às gravações
originais, discutindo as repercussões dessa proposta do ponto de vista do
debate sobre memória social, mercantilização da nostalgia e a noção de
atualização do patrimônio cultural.
Um balanço:
Efemérides discográficas foi acima de tudo um êxito naquilo que mais se
propunha a fazer, propiciar discussões de qualidade, com maior tempo de
apresentação e debate, promover intercâmbio entre áreas de conhecimento e
instituições, democratizar o conhecimento atingindo público diverso,
incluindo estudantes de graduação, pós, colegas professores, egressos,
interessados, colecionadores, músicos,
amig@s. Claro, lendo assim parece que foi muita gente. Não foi. E nem de
perto o tanto que eu gostaria, mas me importa mais uma perspectiva
qualitativa. Quem estava lá, estava pra valer. Participou com atenção,
fez pergunta, debateu. Tive a satisfação de ter alunas da graduação em
museologia acompanhando o evento o dia todo. Sem a barganha dos
famigerados certificados, sem mercenarizar o aprendizado. Talvez quanto a
isso eu ainda me dê por vencido. Aliás, me desdobrei horrores, fiz
parte da logística, peça gráfica, divulgação online e boca a boca,
insisti com quem precisou, bati foto, passei slide, fiz a minha própria
apresentação. Em meio aos percalços me senti meio o Didi naquele filme
dos Trapalhões com o Pelé, em que ele fantasticamente bate o corner e
corre na área pra cabecear e fazer o gol. Só que no caso nada disso fiz
sozinho, contei com meus colegas convidados palestrantes - o Lauro ainda fez as vezes de tradutor consecutivo, com bastante sucesso - com os bolsistas Isac Santana e Hudson Públio,
com o apoio da coordenação e da secretaria do PPGCI, diretoria,
contabilidade e serviços gerais da ECI. No público não dou conta de mencionar um por um mas sou grato a cada um, e como diz aquela famosa frase do
mundo do blues, less is more. Sobre as apresentações em si, depois tento
dar uma geral, fazer uma postagem. Abri o evento com uma fala em defesa
da UERJ e terminamos com palmas que fazem a gente continuar valorizando
e lutando pela universidade pública, pela pesquisa, ensino, extensão,
pelo patrimônio cultural, pela arte e pela criatividade do nosso povo.
Obrigado a todos que ajudaram.
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