
Espaço que visa divulgar e disponibilizar trabalhos de criação e crítica referentes à MPB e música popular, não apenas para promover o intercâmbio de gostos e opiniões, mas fundamentalmente catapultar o debate sobre o tema.
Cerejas
Silêncio
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
31 de julho de 2014
Na estante no fim das férias

Marcadores:
Beatles,
Chico Buarque,
entrevista,
história,
livros,
MPB,
música popular
21 de julho de 2014
Na estante: um penca de títulos em inglês sobre música popular
P.S. O repositório acadêmico BiblioVault merece uma conferida por pesquisadores que estudam outros assuntos também.
Marcadores:
bibliografia,
livros,
música popular,
pesquisa
17 de julho de 2014
Poucas mulheres foram modernas como a Nina Simone
Lisa "Simone Kelly" is not dragging her mother's name "through the mud," as some people have been saying about this interview. Anyone who knows a lick about Nina Simone already knew these things about her. She could be difficult at times, downright abusive at others. Those closest to her for many years have all spoken out about her volatile nature. Hell, the woman was found guilty of firing a gun to frighten some neighbor boys she thought were being too rambunctious. Nina's short temper is not news, nor is it shocking or surprising to anyone who is familiar with her life and career. While Lisa's words might be jarring, they are her truth and one can only imagine what it was (and is) like being the daughter of Nina Simone, good or bad. Knowing Lisa personally, I can say without any doubt in my mind that she is not consumed with bitterness or hate for her mother. Quite the opposite. She has spent years trying to work through her conflicted feelings so that she may heal and be a better, stronger mother for her own daughter. Lisa spent the better part of ten years fighting for her mother's legacy and to keep her estate intact and on the right path. She neglected her own career in doing so and I was able to see how the politics and legal BS of the music industry wore her down -- so one can only imagine what it did for Nina, who herself was vocal about how the music industry can so easily exploit, abuse, and practically rob people -- especially a strong, talented, black woman. There is a lot of tragicness in the Nina Simone story and in the relationship between Lisa and her mother, but it isn't wholly defined by tragicness either. You are reading the words of a woman who is struggling to heal, understand, and remember her mother in an honest way that does not glorify her because of her fame and talent. Nina would be proud of her daughter. - Aaron Overfield
Lendo isso me lembrei de uma passagem de Aventuras no marxismo de Marshall Berman, quando ouviu no metrô de Nova York uma mãe negra conversando com sua jovem filha sobre os percalços da vida, e encerrando com a frase mais ou menos assim "podemos fazer isso dar certo, nós somos modernas". Poucas mulheres foram modernas como a Nina Simone. O relato duro e tocante de sua filha faz jus a isso.
Deixo vocês com a belíssima apresentação dessa grande artista no Festival de Montreux:
P.S. 2018
Link para o trailer do excelente documentário produzido pelo Netflix What Happened, Miss Simone? [aqui]
Marcadores:
documentários,
entrevista,
história,
música popular,
Nina Simone,
televisão
2 de julho de 2014
Em terra de Macalé
Por meio de um instigante relato do amigo cantautor ativíssimo na cena belorizontina Luiz Gabriel Lopes fiquei sabendo da exposição Macalândia na sede do Itaú Cultural, em São Paulo. Na impossibilidade de conferi-la in loco e na iminência de seu encerramento, recolhi aqui algum material para dar uma amostra e quem sabe motivar alguns leitores que são/estão na terra da garoa a conferi-la.
Do site:
"Por meio
da série Ocupação, o Itaú Cultural mergulha na vida, na obra e no
processo criativo de artistas contemporâneos ligados a diversas áreas de
expressão, homenageando e destacando a importância de suas trajetórias.
E é no universo – lírico, lúdico, épico, político – do músico Jards
Macalé que o programa faz o seu 18º mergulho. Além de ocupar a sede do instituto com uma exposição sobre o instrumentista, compositor e intérprete carioca, o projeto se estende para a internet (...)" [confira, aqui]
Um breve relato: no site Follow the Collors, aqui
Marcadores:
catálogo,
exposição,
Jards Macalé,
Tropicália,
Tropicalismo
8 de maio de 2014
A marca de Jair
Jair Rodrigues, sem dúvida um ícone de um momento destacado da história da Música Popular Brasileira, a chamada Era dos Festivais. O que fez depois a mim soa como eco daquela explosão, daquele estouro. Foi, mas deixou ali marca inconfundível que para mim traduz-se melhor em sua forte presença de palco.
O registro histórico, nas imagens da TV Record, guarda ainda uma curiosidade que vem a calhar com a aproximação do dia das mães. A divisão do prêmio maior entre "Disparada" (canção de Vandré e Théo de Barros interpretada por Jair, que também venceu como "melhor intérprete") e "A banda" (por Chico Buarque, que a interpretou na companhia de Nara Leão) é anunciada e em seguida as mães de Jair e Chico são convidadas ao palco. Fica então mais esta homenagem:
"Prepare o seu coração..."
Marcadores:
Chico Buarque,
festivais,
Festival da Record,
Geraldo Vandré,
história,
interpretação,
Jair Rodrigues,
MPB,
Théo de Barros
Assinar:
Postagens (Atom)