Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

23 de fevereiro de 2012

O carnaval de BH em cor e som

Esse ano quem ficou em Belo Horizonte teve várias oportunidades para conferir a grande vitalidade do carnaval na cidade, com blocos, bailes, nos bairros, no centro, nas praças, nos botecos, um belo espetáculo de cor e som para todos os gostos e idades. Teve o concurso de marchinhas e a reação desmedida e apatetada de um nobre (ou melhor, burguês) vereador. Teve a ocupação exuberante das ruas [confira fotos] que não deixa de ser um recado aos moralistas que rondam, aos chatos de plantão que pretendem governar sem maiores transtornos cidadãos acomodados. Ainda vamos tirar a lama do entorno, como escrevi na letra de Ocupai, ocupai (quem ainda não ouviu, clique aqui).
Teve excelentes músicos como Kristoff Silva, Pablo Castro, Juliana Perdigão, João Antunes, entre outros que se apresentaram como "Os passistas" na Noite Tropical do Espaço 104 [confira fotos], sucesso ainda comentado e que deverá se repetir.
Enfim, carnaval em BH é o que há. (não, isso não foi encomendado pela Belotur).


Outras leituras mais do que oportunas sobre o mesmo assunto:


Chuta a família mineira! (texto de Makely Ka)

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