Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

24 de novembro de 2011

Música Popular e Colecionismo VI - resenhas dos alunos

Pois é, o semestre está chegando ao fim. Alunos fazendo trabalhos, professores corrigindo. Uma das atividades da optativa Música Popular e colecionismo foi produzir uma resenha depois de assistir o filme "Alta fidelidade". Fiquei muito satisfeito com os resultados e combinei com eles que iria postar no blog. Confiram alguns trechos...
"Rob Gordon tem uma loja de discos, seu apartamento mais parece uma loja de discos, seus dois amigos, funcionários ou seja lá o que for (...) foram contratados para um acontecimento há 4 anos atrás e depois disso nunca mais foram embora – nesse trio cujo papo quase sempre é música ou a construção de um top Five qualquer coisa é que rola boa parte da comédia da vida privada do sujeito colecionador do universo do fetiche e do colecionismo."
"Muito legal a construção deste universo, os personagens são divertidos, a trilha sonora é intensa e tem peso de Bruce Springsteen (que faz uma pequena ponta no filme, como ele mesmo) Velvet Underground, passando por Bob Dylan, Marvin Gaye e Queen, entre dezenas de outros (...) filme leve pruma tarde na universidade, gostoso de ver, gostoso de ouvir.
A partir de hoje, depois de ver o filme, ler alguns textos sobre música e colecionismo, entrevistar um colecionador, conhecer outros que foram entrevistados por outros alunos e pelas discussões em sala, minha percepção acerca destes caras é que primeiro são pessoas normais como todos nos o que os tornam diferentes é a relação destes sujeitos com seus tesouros, com seus fetiches, com suas coleções sejam elas de qualquer tipo, suas formas de ordenar ou de construir suas coleções, como ocorre essa transformação como surge este interesse e como o estado, a mídia ou apenas outras pessoas nos ajudam a construir, iniciar ou aumentar a nossa coleção, o poder e o interesse por traz de tudo isso. "
Aloísio Santos de Sá
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