Dentre os muitos presentes que os Beatles, sendo eles mesmos já o maior presente - suprema generosidade -, trouxeram para minha vida, está a carreira solo do Ringo.No início, eu não poderia sonhar que ela existiria em minha vida. Em 1989, os discos dos ex-Beatles estavam quase todos fora de catálogo aqui. Não havia internet nem contato com outros fãs. Um mercado colecionadorístico institucionalizado não existia nem em fantasia. Eu não sabia de quase nada.Felizmente, por outra sorte, eu tinha, como metaleiro, já um hábito de frequentar lojas de discos onde quer que elas existissem. Parecia que eu era atraído por elas. Podia acontecer de, andando na rua, eu meio que sentir um tipo de cheiro, e encontrar aquela lojinha no fundo de alguma galeria. Além do mais, já trazia do heavy metal a cultura do disco raro, da joia à espera de ser descoberta.Foi assim que consegui meu primeiro item do Ringo: um compacto de sete polegadas com "Only you" e "Call me", ambas retiradas do álbum "Goodnight Vienna":
Espaço que visa divulgar e disponibilizar trabalhos de criação e crítica referentes à MPB e música popular, não apenas para promover o intercâmbio de gostos e opiniões, mas fundamentalmente catapultar o debate sobre o tema.
Cerejas
Silêncio
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
4 de novembro de 2011
Depoimento de um colecionador beatlemaníaco
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