Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

15 de abril de 2012

Relembrando Outra Cidade


Aproveitando o ensejo, no embalo do Palavra Som, eu e meu parceiro Pablo Castro resolvemos gravar um bate-papo falando sobre a história do Reciclo Geral,  relembrando a concepção e gravação do disco A Outra Cidade (ouvir) e avaliando o significado desses eventos em nossa própria trajetória e no cenário musical, refletindo ainda sobre o ofício de compor canções. Este é apenas um trecho de uma conversa longa, uma parcela da nossa versão de uma história que muita gente pode contar. [Outras conversas como essa...]
Um marco na vida de todos nós o disco A Outra Cidade! Mudamos todos, mudou a cidade e aqui estamos revendo esse caminho percorrido. As sementes plantadas floresceram porque foram regadas, todo mundo continuou fazendo as canções daquela outra cidade. 

Era isso "se a rota torta nos pés a perder / olhar o chão e o grão que ainda vai nascer":



Relembrando Outra Cidade - Pablo Castro & Luiz H Garcia by Luiz Henrique Garcia

3 comentários:

  1. Bacana demais. Conhecia muito pouco da história do Reciclo Geral pois coincidiu com minha fase já fora de BH. Com matérias e seus posts estou me interando mais. A propósito, nunca tinha ouvido o disco e estou o fazendo nesse exato instante. Muito bom, diga-se de passagem. Como velho militante do CD, você sabe dizer se ainda se encontra pra comprar? Gosto de encarte, ficha técnica, saber que tocou, etc. Abraço.

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    1. Ainda se encontra pra comprar.Há pouco tempo eu vi o disco na loja Acústica CD's, na Rua Fernandes Tourinho ,nº 300, se não me engano. Realmente é um disco que vale a pena ter em casa.

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  2. Grande Renato, não sabia que não tinha ouvido. O lado bom disso é saber que tantos anos depois ainda é possível essa descoberta. Boa audição, grande abraço e até!

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