Espaço que visa divulgar e disponibilizar trabalhos de criação e crítica referentes à MPB e música popular, não apenas para promover o intercâmbio de gostos e opiniões, mas fundamentalmente catapultar o debate sobre o tema.
Cerejas
Silêncio
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
9 de dezembro de 2011
Carpe diem, formação e formatura
Decidi hoje retornar ao tom pessoal que o blog permite, embora venha sendo cada vez mais raro à medida em que as postagens aumentam de quantidade e regularidade. Mas hoje por um motivo especial, a formatura dos alunos do curso de História da Univale.
O texto que segue é, portanto, para eles.
"Formatura. Rito de passagem, em que o instante se encontra com um tempo de maior duração. O da vida toda, o dos estudos, o das opções. É um chegar aqui, mas também um daqui me vou. Para onde? Quem poderá saber... Mas vocês sabem de onde vieram. Ser historiador é ser também historiador de si mesmo. O momento da formatura é curto, o da formação é longo. Mas, num pequeno grão do tempo, pode estar resumida a narrativa do tanto que se passou, do que cada um passou. Também pode guardar a possibilidade, o que virá, o que ainda está aberto, porque somos sujeitos (ah, vocês já sabem o resto...). Bem-vindos, colegas, ao começo dessa outra estrada. Aproveitem bem esse dia. Celebrem a formatura, mas também a formação, que continuará vida afora.
Não posso estar aí com vocês, mas sei que de algum modo estou. Obrigado pela homenagem, que quero retribuir com essa canção que fala do agora".
Carpe Diem (Pablo Castro/Luiz Henrique Garcia) by Luiz Henrique Garcia
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário