Em estado de greve e com muita dificuldade de organizar a rotina, ainda não consegui fazer muitas das mudanças que já idealizei para o blog. Sentei agora com a intenção de no mínimo tirar as teias de aranha. Encontrei separado o material sobre Milton e Clube da Esquina que digitalizei a partir do excelente encarte do volume da coleção Nova História da Música Popular Brasileira (2a. edição, 1976) da Abril, muito bem cuidado, com ilustrações, fotos e texto de boa qualidade. Mesmo a própria Abril hoje, quando lança algumas coleções em CD, não consegue atingir um padrão parecido com o desta coleção. Nesse ano recheado de efemérides, pretendia escrever alguma coisa aqui. Foi quando surgiu a chamada da Revista Brasileira de Estudos da Canção, que me deu a chance de participar das comemorações de 40 anos do álbum Clube da Esquina com um artigo que acabou de ser publicado (para ler, aqui). Assim, "juntei a fome com a vontade de comer"...
Espaço que visa divulgar e disponibilizar trabalhos de criação e crítica referentes à MPB e música popular, não apenas para promover o intercâmbio de gostos e opiniões, mas fundamentalmente catapultar o debate sobre o tema.
Cerejas
Silêncio
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
16 de agosto de 2012
De novo na esquina...
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