Os precisos comentários de Renato Ruas em seu blog (link Reflexões: E eles ainda surpreendem) "Nesse sábado tive a sorte de passar pelo Multishow e ver que eles estavam transmitindo ao vivo um dos shows da comemoração dos 50 anos dos Rolling Stones (...)" me motivaram a reproduzir o comentário que escrevi outro dia quando soube que os Stones iam abrir os shows [aqui] com I wanna be your man [aqui uma análise da Notes on series por Alan Pollack]. "Para
saber a diferença que separa os Beatles dos Stones há muitos meios, mas
agora vi um melhor do que todos. E é bom ver que os próprios Stones tem
noção disso, abrindo seu show de 50 anos reverenciando os Beatles com a
canção que Lennon e McCartney lhes deram de cortesia." Acabei esticando um pouco a postagem porque esse é um tópico que, se de alguma forma bastante desgastado, ao mesmo tempo é a base de um "pequeno mito de origem" da história do rock, pois reza a lenda que a dupla Jagger e Richards nasceu após ambos terem visto a dupla John e Paul concluir a canção em instantes. Encontrei alguns depoimentos dos dois últimos [aqui] que lançam um pouco de luz nessa história, ainda que simultaneamente revelem como as memórias são parciais:
Assim, em que pesem as dúvidas, lacunas, e as eventuais parcialidades ou mesmo invenções que as entrevistas comportam, fato é que a dupla de compositores de Liverpool não considerava muito relevante a canção, de modo que a cederam aos Stones. Para eles I wanna be your man adquiriu outro significado, um peso que agora eles demonstram ao relembrá-la como o ponto a partir do qual as pedras começaram a rolar (foi inclusive sua primeira gravação a figurar nos Top20 britânicos). Segue também um vídeo com uma performance dos Rolling Stones para a mesma canção no início de carreira. O curioso desse vídeo é a reprodução em linhas gerais daquele chavão que era opor a imagem dos Beatles bons moços e Stones ameaças aos bons costumes. Divertidíssimo...
It was a throwaway. The only two versions of the song were Ringo and the Rolling Stones. That shows how much importance we put on it: We weren't going to give them anything great, right? (...) I Wanna Be Your Man was a kind of lick Paul had: 'I want to be your lover, baby. I want to be your man.' I think we finished it off for the Stones... yeah, we were taken down to meet the Stones at the club where they were playing in Richmond by Brian and some other guy. They wanted a song and we went to see them to see what kind of stuff they did. Mick and Keith had heard that we had an unfinished song - Paul just had this bit and we needed another verse or something. We sort of played it roughly to them and they said, 'Yeah, OK, that's our style.' So Paul and I just went off in the corner of the room and finished the song off while they were all still there talking. We came back and that's how Mick and Keith got inspired to write, because, 'Jesus, look at that. They just went in the corner and wrote it and came back!' Right in front of their eyes we did it. [grifos meus]
John Lennon
All We Are Saying, David Sheff, 1980
All We Are Saying, David Sheff, 1980
So they shouted from the taxi and we yelled, 'Hey, hey, give us a lift, give us a lift,' and we bummed a lift off them. So there were the four of us sitting in a taxi and I think Mick said, 'Hey, we're recording. Got any songs?' And we said, 'Aaaah, yes, sure, we got one. How about Ringo's song? You could do it as a single.' (...) We often used to say to people, the words don't really matter, people don't listen to words, it's the sound they listen to. So I Wanna Be Your Man was to try and give Ringo something like Boys; an uptempo song he could sing from the drums. So again it had to be very simple.[grifos meus]
Paul McCartney
Many Years From Now, Barry Miles, 1997
Many Years From Now, Barry Miles, 1997
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