Não sou propriamente um pesquisador ligado em números, mas também não posso dizer que os ignoro por completo. Acabei de dar uma sacada no relatório da Nielsen e da Billboard para 2011, verdadeiro raio-x da indútria fonográfica no período, ainda que se deva considerar que é cheio de viéses, com sua lógica centrada nos padrões norte-americanos de consumo e sucesso (tudo está organizado em top ten, por exemplo, e geralmente no patamar dos milhões). Meu interesse foi despertado por essa pequena nota no Estadão (Venda de músicas volta a crescer), cujo tópico central é a superação das vendas de álbuns digitais em relação aos álbuns físicos. "Do total de álbuns vendidos,
50,3% são digitais. A venda de discos digitais atingiu 1,2 bilhão de
unidades, um aumento de 8,4% em relação a 2010". Outro dado notável é o
aumento das vendas em vinil, atingindo 3,9 milhões. Nesse suporte o
disco mais vendido foi Abbey Road, e o artista mais vendido a banda
Radiohead. A campeã dos números foi a cantora Adele (deixando para trás
Lady Gaga e Justin Bieber), com 5,8 milhões de álbuns vendidos, sendo
1,8 em versão digital, a maior vendagem até hoje. E teve também 16 mil
cópias vendidas em vinil. Sua canção Rolling In The Deep obtve
5,8 milhões de downloads. Outro dado interessante é que o aumento percentual
maior é para os álbuns de catálogo "profundo" (os que estão há mais de 3
anos à venda). O consumo de faixas digitais aparece claramente
concentrado, na divisão de vendas por década, na música produzida neste século (86%).
Só com esse dado podemos ver que o consumo digital aponta para a lógica da
faixa e não do álbum, mas os números mostram crescimento da venda de
álbuns, incluindo digitais. Extrapolando o contexto do relatório, vale notar que as gravações chamadas de independentes no Brasil, que muitas vezes circulam por meio da internet, recorrem bastante a esse formato. Assim, o conceito de álbum ainda tem peso cultural entre quem produz e ouve música popular, resta saber até quando...
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