Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

15 de janeiro de 2012

Um ano bom - 1976

O difícil de manter um blog é que às vezes as ideias para postagens se sucedem muito mais rápido do que a capacidade que temos de produzi-las. É enganadora a aparente agilidade que se tem de escrever, agregar arquivos de áudio, vídeo, textos alheios (com as devidas referências), etc. Meus planos para o "Massa Crítica MPB", enquanto estou em férias, eram e continuam ambiciosos. Aperfeiçoei muita coisa, melhorei o visual, incorporei ferramentas como o mapa de visitantes e agora a nuvem animada de marcadores. Mas a retrospectiva 2011 que queria fazer acabei adiando indefinidamente. Veio meu aniversário e por esses dias a moda de encontrar as músicas que estavam nas paradas no dia do nascimento das pessoas. Aí recebo um link com a classificação das paradas brasileiras desde 1904 (confesso que não tenho como estabelecer as fontes usadas pelo blog que elaborou, mas vale pela diversão). Enfim, a curiosidade de historiador (aquela que não tira férias...) foi me levando de volta a 1976, ano em que este que vos escreve veio à vida, e a uma série de materiais e temas para postagens.
Começo dizendo que em 1976, parece mentira mas Chico Buarque tocava mais que Roberto Carlos ("O que será" em 4°, "Meu caro amigo" em 5°, enquanto o 'rei' estava em 15°),  e a versão de "Olhos nos olhos" (apontada a melhor do ano no Globo de Ouro) de Bethânia era 22° enquanto a do Aguinaldo Timóteo (acredite se quiser) estava em 53°.

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