Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.

25 de janeiro de 2012

Como nasce um disco...McCartney's "Kisses on the bottom"

Paul McCartney e o produtor Tony LiPuma contam como nasceu o disco "Kisses on the bottom", novo trabalho de Paul. Eles falam da concepção original, da escolha do repertório, dos músicos e do processo de gravação. A conversa gira em torno da ideia de não seguir à risca os clichês de álbuns de standards que foram gravados recentemente por outros artistas, enfatizando uma abordagem mais espontânea. Obviamente, isso é pra quem pode. Um dos pontos que o relato destaca é a atuação de Paul essencialmente como intérprete, envolvendo nisso sua relação com os outros músicos, com o produtor e o modo com que abordou as canções e até como se relacionou com "o microfone de Nat King Cole". Muito relaxado, McCartney conta que chegou a dizer a Diana Krall, durante as gravações, que estava se sentindo "em férias". Ouvindo o disco o ouvinte também se sente assim! Segue o vídeo:

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