Cerejas

Silêncio

A Câmara Municipal está tratando de abolir os barulhos harmoniosos da cidade: os auto-falantes e as vitrolas. [...]
Gosto daqueles móveis melódicos e daquelas cornetas altíssonas. Fazem bem aos nervos. A gente anda, pelo centro, com os ouvidos cheios de algarismos, de cotações da bolsa de café, de câmbio, de duplicatas, de concordatas, de "cantatas", de negociatas e outras cousas chatas. De repente, passa pela porta aberta de uma dessas lojas sonoras e recebe em cheio, em plena trompa de Eustáquio, uma lufada sinfônica, repousante de sonho [...] E a gente pára um pouco nesse halo de encantado devaneio, nesse nimbo embalador de música, até que a altíssima farda azul marinho venha grasnar aquele horroroso "Faz favorrr, senhorrr!", que vem fazer a gente circular, que vem repor a gente na odiosa, geométrica, invariável realidade do Triângulo - isto é, da vida."
Urbano (Guilherme de Almeida), 1927.
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23 de dezembro de 2013

Memórias cantando: o presente de Paulinho da Viola



No início do mês reparei que um certo disco simplesmente não parava de tocar aqui em casa. Era o Memórias cantando (1976) do Paulinho da Viola, que meu filho (17) e filha (11) ouviam sem parar e logo cantavam junto todas as canções. Como se isso já não fosse o bastante para deixar um pai pra lá de orgulhoso com o bom gosto musical dos rebentos (que, diga-se de passagem, incentivo mas sem qualquer tipo de campanha sistemática pois desejo que descubram a música por seus próprios ouvidos), perguntei à minha filha se queria ganhar um caderno com letras de música, talvez como presente de natal. Pois não é que ela adorou a ideia! Pedi então que ela fizesse a lista das canções que gostaria de ter no tal caderno. Mas ela acabou protelando a tarefa e hoje quando lhe perguntei ainda não havia feito a tal lista. Disse então que ficaria pra depois, o que ela não recebeu nada bem. Com aquela urgência típica da idade foi lá e lavrou, rapidamente, sem vacilo, a listagem, só com canções do disco do Paulinho. Lá fui eu, depois de um dia corrido, bolar o tal presente, que logo percebi que precisaria ser feito em formato digital. Aproveitei então para testar uma ideia antiga, de gerar material em pdf que pudesse compartilhar pelo blog. Enquanto reunia letras e imagens, rapidamente buscadas no site oficial de Paulinho, pensava na fascinante operação cultural que se descortinava à minha frente, quando um disco que fora gravado no ano em que nasci ganhou a preferência de gente que nasceu no mínimo 20 anos depois disso e agora poderia alcançar ainda outros e mais outros ouvidos. Um disco sobre a memória, mas com a imensa capacidade de transcender o tempo em que foi feito e nos tocar no presente [clique aqui para ler os preciosos comentários de Arley Pereira]. E - se a minha memória não me trai - acho que eu comprei em CD esse e mais 2 discos do Paulinho como presentes - muito bem dados - a mim mesmo num certo natal. Mas posso estar enganado e talvez os revolteios do lembrar não passem de uma boa forma de fechar esse texto.

Caderno de letras Paulinho da Viola

P.S. 2015
Como o link do vídeo estava quebrado, decidi inserir um novo. Nesse ano duro, que termina com sabor amargo, me pareceu um bom remédio ouvir essa canção...




Vela no breu
(Paulinho da Viola e Sérgio Natureza)
Disco: Memórias Cantando


Ama e lança chamas
Assovia quando bebe
Canta quando espanta
Mal olhado, azar e febre

Sonha colorido
Adivinha em preto e branco
Anda bem vestido
De cartola e de tamanco

Dorme com cachorro
Com um gato e um cavaquinho
Dizem lá no morro
Que fala com passarinho
Depois de pequenino
Chora rindo
Olha pra nada
Diz que o céu é lindo
Na boca da madrugada

Sabe medicina
Aprendeu com sua avó
Analfabetina
Que domina como só
Plantas e outros ramos
Da flora medicinal
Com 108 anos
Nunca entrou num hospital

Joga capoeira
Nunca brigou com ninguém
Xepa lá na feira
Divide com quem não tem
Faz tudo o que sente
Nada do que tem é seu
Vive do presente
Acende a vela no breu

20 de novembro de 2013

Um Brasil bem perto daqui

Parei tudo aqui e estou ouvindo, com grande interesse, o LP Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara (1976) de Taiguara, só agora relançado no Brasil em CD [uma boa reportagem sobre o disco, aqui]. O som é exuberante, elaborado, e as letras contundentes, cinematográficas, brilhantes. Um disco denso, desafiador, que burlou a censura mas acabou sendo recolhido poucos dias depois de seu lançamento. Retrato vivo de seu tempo e simultaneamente uma leitura da história do Brasil e do continente americano. Feito no emblemático ano de 1976, que já abordei em outras postagens do blog. Além das 13 faixas compostas por Taiguara, figura uma versão solitária, e mais do que significativa, de Três Pontas (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos). Não é pura coincidência o disco ter sido gravado na EMI-Odeon, casa que abrigou boa parte daquela turma simbolicamente reunida numa certa esquina. O diálogo com o Clube e com as pontes panamericanas propostas por Bituca e cia. é mais do que audível, e reverbera também pela atuação de seus membros ilustres como Wagner Tiso, Toninho Horta, Nivaldo Ornellas e Novelli. Entre outras feras presentes, incluindo Hermeto Pascoal (responsável por alguns dos arranjos), Jacques Morelembaum, Paulo Braga...
Vale conferir ainda o site oficial do CD, bem cuidado e fazendo jus à obra que motivou sua existência. Destaque para as seções "letras" (traz fichas técnicas faixa a faixa), "entrevistas", "depoimentos" e "a censura". Mas todo o sítio vale a visita. E agora vamos ouvir que é o que mais interessa:

P.S.
Um dos melhores atrativos de manter o blog é a possibilidade de ir incorporando novos elementos e aperfeiçoando as postagens. Não é que hoje (28/12/2013) meu parceiro Pablo Castro, habitual colaborador aqui, resolver escrever algumas linhas sobre o disco. Também vale a leitura o certeiro texto do excelente cantautor Makely Ka, aqui.

Por Pablo Castro:
Acabo de escutar a obra-prima de Taiguara , seu disco censurado Imyra, Tayra, Ipy , Taiguara, de 76, ano em que nasci. Na verdade, eu já era familiar com seu disco Piano e Viola, de 72, que constava na coleção de vinis de meu pai. Eu gostava daquele disco, reconhecia o refinamento de suas melodias e seu domínio expressivo do piano, embora considerasse que ele sucumbia a algumas soluções excessivamente sentimentais e torrenciais em alguns momentos. Impressão parecida tive outro dia a escutar um LP anterior, de 69.

Mas Imyra,Tayra, Ipy, Taiguara é arrebatador. Essas torrentes emocionais que sempre acompanharam suas músicas dessa vez são totalmente naturais e a orquestração, simplesmente fantástica, épica e expressiva, está entre as mais inspiradas de toda a produção fonográfica brasileira. As canções são nada menos que estupendas, começando com um refrão que diz : " eles querem lotar o maracanã" , aliando as assertivas pianísticas de Taiguara com um nível de orquestração que beira o sentimento sinfônico. Esse trangredir de fronteiras se vale também de experimentações tecnológica, com o uso despudorado de reverbers, ecos, truques analógicos, e também da retórica intrumental de nomes como Hermeto Pascoal , Toninho Horta , Nivaldo Ornellas, Wagner Tiso , Jacques Morelembaum, Zé Eduardo Nazário, Novelli , Paulo Braga, Lúcia Morelembaum . Esse disco realmente é um Rio Amazonas de expressividade grandiosa , o que também transparece no canto arrojado do cantautor, se valendo de notas longas, falsetes, sempre com melodias rigorosas em suas redondezas. A harmonia transparece um diálogo com Milton Nascimento, para cuja canção Três Pontas ( em parceria com Ronaldo Bastos ) ele apresenta um arranjo espetacular, que chega a superar o original.

As letras falam do auto-exílio ao pé da letra e daquele auto imposto pela censura no Brasil. A sua atualidade é tocante. Que justamente esse disco tenha sido totalmente censurado é mais um testemunho de um crime da ditadura militar contra a cultura brasileira. Que ele e seu autor ainda não tenham sido redescobertos e consagrados pela grandiosidade de sua obra atesta a nossa empobrecida relação com a memória musical de um país que é um país de canções : aquele Brasil idílico de que teimamos não conseguirmos nos desvencilhar.





P.S. 2019
Encontrei esse trecho do programa Metrópolis de 2014, com depoimentos de Wagner Tiso, Jacques Morelembaum e Novelli a respeito do processo de gravação do disco, do trabalho com Taiguara e dos acontecimentos que cercaram aquele período.


15 de maio de 2012

O Clube da Esquina no repertório das intérpretes na década de 1970

Enquanto se faz uma tese, muitas vezes parece que o peso dessa palavra vai aumentando à medida em que o tempo passa e os prazos apertam. Pensamos, por diversas razões, que ela tem que abarcar o mundo, cumprindo uma verdadeira circunavegação do globo. A sensação piora na medida em que vários insights, merecedores de maior desenvolvimento, acabam ficando ali, tacanhos, pequenos passos em forma de parágrafo do que deveriam ter sido caminhadas inteiras de páginas. Depois a gente entende (e é uma crueldade esse entendimento chegar com tanto retardo) que uma boa tese, dentro das limitações (nossas e da realidade), é feita também desse pequenos momentos de inspiração - e que bom tê-los, afinal. O que está ali ficará, esperando que nós mesmos, em condições por ventura menos tormentosas, retomemos o fio da meada, ou que outros pesquisadores, nas suas próprias jornadas, possam se valer dessas breves investidas.
Hoje passendo inadvertidamente pelo repertório dos primeiros LPs de Fafá de Belém, acabei me lembrando de uma das minhas. Meu plano, não cumprido, era fazer uma análise extensa dessa "penetração". Acabei estudando alguns casos que considerei exemplares, e como a banca não me interpelou a esse respeito creio que consegui provar o meu ponto:
No contexto de consolidação da MPB, houve uma maior penetração da obra do Clube através do repertório de intérpretes como Elis Regina, Simone, Gal Costa e Nana Caymmi, da atuação como músicos em espetáculos e discos de outros artistas e de sua influência no trabalho de alguns dos “novos”, como no caso de Ivan Lins e Luiz Gonzaga Jr. (...) Alguns LPs, escolhidos estrategicamente, permitem observar em detalhe essa penetração, ao mesmo tempo em que mostram a variedade das produções agrupadas em torno da sigla MPB. O disco de Simone Gotas d’água (EMI, 1975) traz Milton como co-produtor, além de participar cantando e tocando piano em Gota D’água (Chico Buarque) e ceder duas canções feitas com Fernando Brant (Outubro e Idolatrada). Wagner Tiso, além de tocar piano e órgão em várias faixas, fez arranjos para 5 canções. A concepção da capa foi feita por Ronaldo Bastos e Cafi, o “fotógrafo oficial” do Clube. No repertório, compositores que começavam a conquistar espaço, como a dupla João Bosco e Aldir Blanc, Gonzaga Jr. (que ainda não assinava Gonzaguinha) e uma parceria de Tavinho Moura e Murilo Antunes. Na parte instrumental, a presença dos integrantes do Som Imaginário, na formação que contava com Nivaldo Ornelas, Novelli, Paulo Braga, Toninho Horta e o já citado Wagner Tiso. (GARCIA, 2007, 230-231)
Quem sabe em breve não sai alguma coisa mais consistente nessa direção...por agora vou fazendo a pesquisa básica e aproveitando para ouvir várias pérolas do repertório do Clube da Esquina nas vozes de intérpretes de personalidade e escolhas estéticas distintas, que participaram do momento de consolidação da MPB na década de 1970.

1. Fafá de Belém - Fazenda (Nelson Angelo) - LP Tamba-Tajá, 1976. 
2.Simone - Céu de Brasília (Toninho Horta & Fernando Brant) - LP Face a face, 1977.
3. Nana Caymmi - Sacramento (Nelson Angelo & Milton Nascimento) - LP Renascer, 1976.
 

21 de janeiro de 2012

Famigeradas listas e a questão do gosto

Ah...as famigeradas listas. Estão sempre por aí...quando o assunto é música então, nem se fala. Confesso que não me apetecem muito, embora eu tenha mudado um pouco meu humor a respeito depois de assistir Alta fidelidade algumas vezes. Preguiça total só daquelas estilo billboard, "as mais mais", "parada de sucesso", top 10 disso ou daquilo, no rádio, na televisão, etc. Mas são dados importantes para se fazer um raio-x do gosto num mundo de meios massivos, como comecei a perceber principalmente depois dos primeiros contatos com a obra do sociólogo Simon Frith. Aliás, para quem quiser estudar música popular recomendo, especialmente, Performing rites. Uma das coisas que mais atrai no trabalho de Frith é que ele conciliou a vida acadêmica com a atuação como crítico em jornais então seus textos articulam muito bem esses dois campos de experiência. 
Uma palhinha dele:
"A música constrói nosso senso de identidade através das experiências que oferece do corpo, do tempo, da sociabilidade, as quais permitem que nos posicionemos em narrativas culturais imaginativas" (p.275)
Por sinal, é justamente um dos caras responsáveis por tornar a música popular um objeto de estudo levado à sério na academia. Mas nada de levar tudo tão à sério. Encontrei, por exemplo, essa lista "As mais tocadas no rádio em 1976" (ainda bem que alguém se deu ao trabalho de fazê-la) mas confesso que estou sem paciência para extrair alguma coisa dessa aí...mas vale pela curiosidade que as listas, mesmo as mais famigeradas, despertam.

19 de janeiro de 2012

Elis e Milton, juntos em Caxangá (grandes encontros IV)

Já estava nos planos colocar na série "grandes encontros" alguma coisa sobre Elis e Milton, e aproveitando o ensejo faço também homenagem na ocasião em que se completam 30 anos da morte dela. Muita coisa a ser dita sobre cada um desses dois, e dos dois juntos outro tanto. Caso sério. Mas uma história curiosa, que o Milton vira e mexe conta nas entrevistas, é de quando se cruzaram nos corredores da TV Excelsior, durante o festival Berimbau de Ouro, ele timidamente passou sem falar com ela e Elis vira e dispara "Escuta mineiro, não tem educação não?", e depois da carraspana o convida para ir à casa dela tocar uma canção dele que o ouvira tocar numa festa alguns anos antes. Milton se espanta quando ela começa a cantar a tal canção (Aconteceu) e diante disso ela explica "Memória, meu caro, memória". Uma história amena, mas que diz muito da personalidade dos dois e também marca o pontapé inicial de uma dobradinha que deu vários frutos.
Um desses foi a gravação de Caxangá, canção que cruzou os anos 70, mudando de letra e sendo censurada (depois vou contar melhor essa história). Esse vídeo, de um especial de televisão, foi gravado em 1976:

16 de janeiro de 2012

Gracias a la vida, Volver a los 17 em 1976

Em 1976 o espetáculo “Falso Brilhante” [o LP foi remixado pela Trama em 2007], de Elis Regina, com recorde de público, foi considerado “o show do ano”. Um dos maiores sucessos de sua carreira, permaneceu por um ano e meio em cartaz no antigo Teatro Bandeirantes. Uma das canções do repertório era Gracias a la vida, mais uma obra-prima de Violeta Parra consagrada na voz de Mercedes Sosa, mas que na de Elis também encanta.

 Aliás, não por acaso, foi em 1976 que Mercedes Sosa tornou-se mais conhecida no Brasil, ao gravar Volver a los 17 em um maravilhoso dueto com Milton Nascimento no disco "Geraes". Adiante falarei mais desse encontro e também desse disco importantíssimo na carreira de Milton e na história da música popular lationoamericana. Por agora basta o prazer de assisti-los...

15 de janeiro de 2012

Grandes encontros na música popular III

Muitos e bons frutos rendeu a parceria entre Chico Buarque e Francis Hime. Entre tantas vale citar  Pivete, Atrás da porta, Vai passar, Trocando em miúdosPassaredo e Meu caro amigo, as duas últimas além de tudo gravada justamente em 1976, figurando no ótimo LP Meus caros amigos, em que Hime participou ativamente, como compositor, arranjador e pianista. Escrita como uma carta cantada endereçada ao teatrólogo Augusto Boal, então exilado em Lisboa, a canção descasca com argúcia e ironia o cotidiano de quem por aqui "segurava o rojão" da ditadura militar. Como o próprio Chico afirma numa entrevista concedida a Geraldo Leite na rádio Eldorado em 1989, "(...) a luta contra a censura, pela liberdade de expressão, está muito presente nesses cinco discos dos anos 70. São discos com a cara dos anos 70". Outro destaque na letra são os versos finais, extremamente pessoais. No todo, uma bela obra, muito bem arranjada e executada.



Destaque final, o depoimento de Chico no DVD Meu caro amigo, antes das imagens de arquivo, revela que foi com Francis que ele aperfeiçou suas habilidades como parceiro, pois até então considerava difícil por a letra em música alheia.

Um ano bom - 1976

O difícil de manter um blog é que às vezes as ideias para postagens se sucedem muito mais rápido do que a capacidade que temos de produzi-las. É enganadora a aparente agilidade que se tem de escrever, agregar arquivos de áudio, vídeo, textos alheios (com as devidas referências), etc. Meus planos para o "Massa Crítica MPB", enquanto estou em férias, eram e continuam ambiciosos. Aperfeiçoei muita coisa, melhorei o visual, incorporei ferramentas como o mapa de visitantes e agora a nuvem animada de marcadores. Mas a retrospectiva 2011 que queria fazer acabei adiando indefinidamente. Veio meu aniversário e por esses dias a moda de encontrar as músicas que estavam nas paradas no dia do nascimento das pessoas. Aí recebo um link com a classificação das paradas brasileiras desde 1904 (confesso que não tenho como estabelecer as fontes usadas pelo blog que elaborou, mas vale pela diversão). Enfim, a curiosidade de historiador (aquela que não tira férias...) foi me levando de volta a 1976, ano em que este que vos escreve veio à vida, e a uma série de materiais e temas para postagens.
Começo dizendo que em 1976, parece mentira mas Chico Buarque tocava mais que Roberto Carlos ("O que será" em 4°, "Meu caro amigo" em 5°, enquanto o 'rei' estava em 15°),  e a versão de "Olhos nos olhos" (apontada a melhor do ano no Globo de Ouro) de Bethânia era 22° enquanto a do Aguinaldo Timóteo (acredite se quiser) estava em 53°.